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Canabidiol: estudo mostra como composto reduz o risco de Alzheimer

Pesquisa realizada pela Unicamp mostra que a substância impulsiona a proliferação de células que permite a comunicação entre os neurônios

Goiânia: Estado e município devem bancar tratamento com canabidiol a menor com epilepsia (Foto: Pixabay)

Um estudo realizado pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas apresentou evidências de que os canabinoides (ativos encontrados na Cannabis) podem ser úteis no tratamento de determinadas doenças psiquiátricas e neurológicas, como o Alzheimer.

A descoberta, publicada na revista alemã European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences, mostrou entender como os efeitos dos canabinoides nos neurônios atuam nas células de glia — termo grego que significa cola, pois antigamente, os estudiosos acreditavam que elas eram responsáveis por ligar os neurônios.

Apesar dessas suposições, novas análises mostraram que essas células são capazes de desempenhar outras funções importantes em nosso cérebro.

Esse tipo de célula, por exemplo, é responsável pela produção da bainha de mielina, que encapa os axônios e permite que ocorra a comunicação entre os neurônios. Sendo assim, essa estrutura é fundamental para o funcionamento deles e, quando há falhas, podem ocorrer doenças como esclerose múltipla ou Alzheimer.

O resultado da pesquisa brasileira mostrou que, na análise in vitro, os canabinoides impulsionam a proliferação das células, o que consequentemente, poderia evitar doenças psiquiátricas e neurológicas.

A expectativa agora dos cientistas é ampliar o estudo e fazer testes em animais e futuramente em humanos, a fim de confirmar a hipótese de que o uso de canabinoides poderia regenerar essas células.

O que são canabinoides?

O termo canabinoide se refere de maneira genérica a substâncias que podem ser encontradas e extraídas da planta Cannabis. Atualmente, os estudos mais avançados se baseiam em dois ativos principais: o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC). Ambos contam com a mesma estrutura molecular, porém, devido a uma alteração na organização atômica, têm propriedades ativas bem diferentes.

O CBD não provoca alterações da percepção da realidade, sendo explorado por suas propriedades medicinais, como ação analgésica, anti-inflamatória, antioxidante, ansiolítica, antidepressivas, neuroprotetoras, anticonvulsivas e antináuseas, entre outras.

Em contrapartida, o THC conta com ação psicoativa, provocando uma sensação de euforia e relaxamento. Ainda assim, alguns de seus efeitos podem ser úteis no sentido medicinal, uma vez que é um potente estimulante de apetite, sedativo, analgésico e anti-inflamatório, além de ter efeito na melhora no humor e nos níveis de bem-estar.