"ÍCONE"

Caramelo invade evento internacional de cães de raça e mobiliza grupo por adoção

Cachorro ganhou cuidados veterinários no World Dog Show Brasil, em SP, e foi microchipado

Caramelo invade evento internacional de cães de raça e mobiliza grupo por adoção
Caramelo invade evento internacional de cães de raça e mobiliza grupo por adoção (Foto: Lívia Marra - FolhaPress)

Um cachorro chamou a atenção neste sábado (10) nos bastidores do WDS (World Dog Show) Brasil, realizado em São Paulo. Um vira-lata invadiu a competição internacional de cães de raça e logo mobilizou um grupo que, agora, busca um adotante.

O caramelo apareceu no local possivelmente atraído pela movimentação e pelo cheiro dos competidores. Cerca de 4.000 cães de 50 países se reúnem no evento, que começou na quinta (8) e vai até este domingo (11), organizado pela CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia).

Sem identificação ou sinal de que tivesse uma família, foi levado para avaliação médica. Ganhou carinho, foi vermifugado e microchipado.

“Os criadores viram que o animal era de rua e me chamaram. Eu acolhi, colocamos ele no braço —estava assustadinho— e levamos para o consultório veterinário”, explicou Rosânia Ramalho, médica-veterinária e membro da Comissão de Bem-Estar Animal do CFMV (Conselho Federal de Medicina Veterinária).

A veterinária disse nunca ter visto algo parecido acontecer em outras competições.

O exame preliminar apontou que o doguinho está aparentemente bem de saúde, pesa 17 kg e é um cão jovem —a idade não foi estimada.

Com o olhar atento em direção a outros animais e um tanto assustado, o cãozinho não quis comer e, diante da reportagem, rejeitou petisco. Mas aceitou água e se interessou por um brinquedo.

Dócil, o peludo não se importou com a aproximação de humanos. Parecia gostar dos mimos e foi transportado no colo. E chegou a cochilar deitado aos pés de um grupo que discutia seu futuro.

As prioridades eram conseguir com empresas parceiras doações de ração e coleira, além de garantir castração e microchip. Enquanto isso, internamente, começava uma mobilização nos grupos em busca de um candidato a tutor.

“A CBKC trabalha muito com cães de raça, mas também trabalha com a parte social. A partir do instante que a CBKC exige que todos os animais que participam de suas exposições tenham implantado um microchip, está estimulando que esses animais tenham posse responsável e que diminua o abandono”, diz Rosânia sobre a preocupação em deixar o caramelo rapidamente identificado.

E conseguiu. No começo da noite, Christiano Yamasaki, médico veterinário oficial do evento, fez nova avaliação do pet e, em minutos, implantou o equipamento. Ainda no consultório, caramelo recebeu sacos de ração doados pela Royal Canin, patrocinadora master do WDS.

Até então o doguinho não tinha um nome ou um lar definitivo, mas a rede de solidariedade formada em torno dele já havia conseguido abrigo temporário.

O futuro tutor deverá assinar um termo se comprometendo com a guarda responsável “para lembrar que é para a vida toda”, diz Monica Grimaldi Pillon, advogada especializada em direito animal.

“Nós, criadores, abraçamos o caramelo e vamos dar um lar para ele (…) Os nossos animais são nossos irmãos, são nossos filhos, fazem parte da nossa vida. E ele merece ser feliz.”

Sobre a presença de um animal de rua em um evento de raças, que passam por rígido controle e precisam apresentar certificado de saúde para participar, Monica afirma que “a prioridade é a vida”.

“Jamais nós iríamos ignorar uma vida. Nossos braços estão abertos para receber vidas semelhantes, porque aqui não tem raça, porque aqui não tem cor, aqui tem amor.”