Quem pode mais

Carreatas mostram força do poder econômico

E ainda hoje carreata significa poder: enche os olhos dos admiradores, intimida os adversários e muitas vezes pode motivar os eleitores

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As campanhas eleitorais possuem diversas estratégias em busca de uma vitória, dentre elas destacam-se cinco: propaganda gratuita no rádio e na TV, guerra virtual nas redes sociais, eventos, uso da cobertura midiática e carreatas.

É nesta última que o poder econômico se mostra mais evidente: caminhonetes Hilux, S-10, carros estilo Suvs, Amarok. Esse carros se concentram e lideram o movimento. E mostram que as carreatas ainda guardam forte relação com o passado eleitoral das províncias.

Neste domingo, 24/08, por exemplo, Iris Rezende realiza carreata no trevo de Trindade que passará por quatro cidades e terá fim às 17h em Turvânia. Neste domingo, o governador Marconi Perillo optou realizar encontros e reuniões com eleitores.

Os carros perfilados em grandes avenidas das cidades são, normalmente, conduzidos por parentes, servidores, amigos e poucos simpatizantes.

A ação envolve carros de som, bandeiras e auto-falantes. É um verdadeiro carnaval eleitoral que remonta ao passado da política coronelística, que tomava as cidades com cavalgadas e movimentos oligárquicos. E ainda hoje carreata significa poder: enche os olhos dos admiradores, intimida os adversários e muitas vezes pode motivar os eleitores.

Por ser um ato que chama a atenção dos moradores, com música alta, buzinaço e gritos de apoio, os principais postulantes ao Governo de Goiás têm intensificado essa estratégia política nos últimos dias.

O candidato a reeleição Marconi Perillo (PSDB) usufrui dessa artimanha e contabiliza nas suas últimas carreatas pelo interior aproximadamente três mil veículos ao dia. Perillo tem evitado fazer esse mesmo movimento na capital para não perder votos. E o motivo é simples: não atrapalhar o trânsito pode render admiração.

A tendência segue o pacote que o governador tem aplicado para emplacar uma campanha sustentável. Tanto que o comitê central está afastado da zona central de Goiânia.

FINAIS DE SEMANA

A estratégia política das carreatas também é utilizada por Iris Rezende (PMDB), principalmente nos finais de semana.

Ele consegue grande quantidade de público sempre que sai às ruas. O ex-governador tem intensificado as carreatas e caminhadas pelo interior, tentando não se distanciar das ações idênticas de Perillo – primeiro colocado nas pesquisas.

CURRIATAS

Vanderlan Cardoso (PSB), também candidato, tem feito seu passeio político em forma de mini carreatas com uma quantidade menor de participantes. O estilo Vanderlan de carreata é a ‘curriata’, movimento um pouco diferente e que relaciona a carreata ao comício – hoje fora de moda sem a participação de artistas.

Nessa adaptação, o candidato desce do carro e interage com os eleitores. Vanderlan é o único que procurou inovar, mas o formato não é certeza de sucesso.

Os demais candidatos ao governo, Antônio Gomide (PT), Marta Jane (PCB), Wesley Garcia (PSOL) e Alexandre Magalhães (PSDC), não utilizam o formato nas suas campanhas, tendo optado por caminhadas e passeatas – principalmente em áreas urbanas.

E a opção destes por ações mais discretas tem motivo: pouco dinheiro e poder de mobilização. Enquanto Marconi pode reunir os servidores públicos e Iris tem um capital político conquistado por décadas de atuação, os políticos mais jovens e menos experientes não conseguem reunir recursos suficientes para participar das carreatas.

Estima-se que as ‘procissões’ de Iris e Marconi gastem, cada um, quase R$ 1 milhão apenas para atrair os militantes e seguidores. O custo maior é a gasolina e muitas vezes a alimentação das equipes que acompanham os políticos.