Casa Branca diz estar satisfeita por Bolsonaro ‘reconhecer resultado da eleição’
'Vontade do povo do Brasil deve ser respeitada', afirma porta-voz do governo Biden
O governo de Joe Biden, nos EUA, está satisfeito em ver que Jair Bolsonaro (PL) “reconheceu o resultado das eleições” realizadas no último domingo (30), quando foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quarta-feira (2) a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
Na terça, durante breve discurso e após silêncio de mais de 40 horas, Bolsonaro não admitiu verbalmente a derrota, mas o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), disse que o processo de transição seria iniciado.
“Estamos satisfeitos em ver que o presidente Bolsonaro reconheceu os resultados da eleição e autorizou o início do processo de transição. O TSE determinou que quem venceu as eleições livres e justas foi o presidente eleito Lula. A vontade do povo do Brasil deve ser respeitada”, disse Jean-Pierre.
Washington ainda vive sob o trauma da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump tentaram impedir à força a confirmação da vitória de Biden. Por isso, e também sob pressão de alas à esquerda do Partido Democrata, o governo Biden se manifestou repetidas vezes tanto na campanha quanto após o resultado para deixar claro que Bolsonaro não teria apoio numa eventual contestação.
Biden foi um dos primeiros líderes a parabenizar Lula após a confirmação da vitória pelo TSE. A Casa Branca disparou comunicado à imprensa às 20h33, pouco mais de meia hora após o anúncio oficial.
Quando o democrata foi eleito presidente dos EUA, no final de 2020, Bolsonaro demorou 38 dias para parabenizá-lo —apoiador de primeira hora do ex-presidente Donald Trump, o brasileiro ainda ecoou alegações sem base na realidade de que houve fraude na eleição americana.
Casa Branca liga para Lula
No dia seguinte à eleição, na segunda, Biden ligou para Lula. Segundo a Casa Branca, eles discutiram o enfrentamento a “desafios comuns, incluindo o combate às mudanças climáticas, a segurança alimentar, a promoção da inclusão e da democracia e a gestão da imigração regional”. Na sequência, o democrata afirmou a jornalistas que está “reunindo um time para discutir” áreas na qual podem trabalhar juntos.
O Departamento de Estado, responsável pela diplomacia dos EUA, também tem ressaltado a importância de uma transição pacífica no Brasil. “Uma marca registrada de toda democracia é o respeito à vontade do povo expressa por meio de eleições, seguida de transferência pacífica de poder. Isso é o que o mundo espera [do Brasil] e o que prevejo para as próximas semanas”, disse o porta-voz do órgão, Ned Price.
A vitória de Lula tem sido lida no governo americano como uma oportunidade para retomar sobretudo a cooperação na pauta do clima, uma das principais bandeiras de Biden e à qual Lula tem feito acenos.
Na gestão Bolsonaro, John Kerry, enviado especial para o Clima, chegou a se reunir algumas vezes com os ministros do Meio Ambiente Ricardo Salles e Joaquim Leite, mas não houve avanços expressivos na área.