Caso Flordelis: pastor morto entrou como filho da ex-deputada na casa da família, dizem testemunhas
Julgamento será retomado com 27 testemunhas
Durante os depoimentos no júri que julga Flordelis dos Santos Souza, os filhos afetivos dela e do pastor Anderson do Carmo – morto em 2019 – revelaram como começou o relacionamento entre os pastores. Segundo os relatos, Anderson chegou à casa de Flordelis com cerca de 13 anos e como filho afetivo da ex-deputada. Depois, ainda adolescente, os dois começaram a se relacionara e se casaram pouco depois que Anderson completou a maioridade.
Wagner Andrade Pimenta, o Misael, filho afetivo do casal, contou aos jurados que antes de Anderson e Flordelis começarem o relacionamento, o pastor assassinado namorou Simone dos Santos, filha biológica da ex-deputada em um relacionamento anterior.
“O Anderson, meu pai, já tinha uma autoridade e liderança atual. Ele chegou como filho da Flordelis e era visto como responsável. Eu tinha apenas 12 anos quando cheguei achando que seria uma família, uma extensão da igreja. Mas acabei aos 12 anos cuidando de 13 bebês”, relatou Misael, que ainda definiu ter sofrido uma “lavagem cerebral” em casa.
Alexsander Felipe Matos Mendes viveu cerca de 15 anos na casa da ex-deputada e cantava na banda da pastora. Considerado filho afetivo do casal, ele relatou que Anderson “era muito administrador e segurava o dinheiro” e gostava de se vestir bem e comprar coisas “do bom e melhor para Flordelis”. Ele reforçou que a família começou a entender Anderson do Carmo como uma figura central da casa após o início do relacionamento do pastor com sua mãe afetiva.
O fato de Anderson comprar muitas coisas causava descontentamento a outros filhos, principalmente os mais velhos da casa. Segundo Alexsander, até Flordelis se incomodava, mas “empurrava com a barriga”.
“Respeitamos ela primeiro como mãe e depois começamos a respeitá-lo. Sacerdote da casa é o provedor do lar. Aquele que cuida da família. Não tem como eu cuidar da obra de Deus se eu não cuidasse primeiro da minha família”, disse ele.
Terceiro dia de júri
Previsto inicialmente para durar três dias, o julgamento de Flordelis Santos de Souza e outros quatro réus será retomado nesta quarta-feira, terceiro dia de júri, ainda com 27 testemunhas pendentes de serem ouvidas. A maioria das pessoas que faltam prestar depoimento são testemunhas de defesa. Nas duas sessões desta semana apenas seis pessoas foram ouvidas pelo tribunal: os dois delegados que investigaram o crime e três filhos afetivos e a ex-patroa de Lucas Cezar dos Santos de Souza, filho de Flordelis.
Entre as testemunhas que ainda serão ouvidas no julgamento estão três peritos, contratados pela defesa, e o desembargador Sirio Darlan – que foi o juiz titular da 1ª Vara da Infância e Juventude do rio durante os anos 1990. Nos primeiros dois dias de depoimentos, os relatos duraram ao menos 3 horas cada. No entanto, para as próximas testemunhas, a expectativa é que os depoimentos sejam mais rápidos.
Nesta terça-feira, segundo dia de julgamento, Flordelis passou mal durante o depoimento de Wagner Andrade Pimenta, o Misael, filho afetivo do casal, a ex-deputada passou mal e precisou sair do plenário por cerca de 30 minutos. Segundo os advogados de defesa, ela teve um desconforto nas costas e começou a sentir formigamento em um dos braços. Após tomar um remédio, ela retornou ao Tribunal do Juri. Ela deve participar da sessão desta quarta-feira.
Durante seu depoimento, Misael revelou que após ser adotado pela ex-deputada aos 12 anos, ela contava aos fiéis que ele tinha envolvimento com o mundo do crime. No entanto, ele negou que tenha envolvimento.
“A Flordelis falava que meu sonho era ser traficante e entrar na vida do crime, e começou essa história na minha vida. Eu ficava com vergonha, não gostava, mas acabei aceitando. Mas nunca fui envolvido”, disse Misael.
Misael ainda relata que na noite do pastor Anderson do Carmo, Flordelis chegou ao hospital em que ele foi socorrido com um “choro forçado”. Este é o segundo filho afetivo da ex-deputada que relata uma emoção falsa de Flordelis. Mais cedo Alexsander Felipe Matos Mendes narrou que durante o velório que o choro da ex-deputada “não era verdadeiro” e disse ter tomado conhecimento de que a mãe tinha trocado de roupa três vezes durante o velório do pastor.
“Quando eu cheguei no hospital, encontrei Daniel e o encontrei desesperado no meio da rua sem camisa. Dentro encontrei o Flávio e cheguei na recepção. Passou cerca de 40 minutos e quem chega é minha mãe. Quando ela sai do carro, já vem chorando, de terninho. Como moramos juntos, a gente sabia se era verdadeiro ou não e não era verdadeiro. Era um choro forçado. Eu conheço ela”, relatou aos jurados.