PANDEMIA

Casos de indígenas infectados por coronavírus disparam e aumentam 156% em 48 horas; Manaus lidera com mais da metade

Capital do Amazonas dobrou os registros em apenas um dia; Alto Solimões é foco

O número de casos de indígenas infectados com o novo coronavírus disparou e teve um aumento de 156% nas últimas 48 horas.(Foto: José Abrão)

O número de casos de indígenas infectados com o novo coronavírus disparou e teve um aumento de 156% nas últimas 48 horas. No total, segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), cresceu de nove para 23 o registro de contaminados desde segunda-feira. Até agora foram confirmadas oficialmente três mortes de três etnias distintas (kokama, tikuna e ianomâmi), duas delas no Amazonas, estado que concentra quase a totalidade dos pacientes (95%). No boletim divulgado nesta quarta-feira, há ainda 23 casos suspeitos à espera de confirmação.

Manaus ultrapassou o Alto Solimões em número de casos. A capital registra agora 12 contra 8 da microrrregião, que inclui noves municípios.

Ainda no estado amazonense há casos regitrados pelos distritos sanitários do Médio Rio Purus (1) e Parintins (1). O único fora dele é o Yanomami (1), localizado em Roraima. Em todo o país existem 34 (Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) divididos estrategicamente por critérios territoriais, tendo como base a ocupação geográfica das aldeias.

No sábado, o Ministério da Saúde confirmou mais duas mortes de indígenas por coronavírus. Trata-se de um homem da etnia tikuna, de 78 anos, e de uma mulher da etnia kokama, de 44 anos, ambos moradores da região do Alto Solimões, onde há 8 casos confrmados.

Valter Tanabio Elizardo havia sido removido do Hospital de Tabatinga-AM, em UTI Aérea do Estado, para tratar de problemas cardíacos e estava internado no Hospital Delphina Aziz, na capital do Amazonas. Em 25 de março, havia sido transferido para o Hospital Adriano Jorge e, em 31 de março, para o Hospital Francisca Mendes, referência em Cardiologia. Durante o período de tratamento hospitalar, o teste para o novo coronavírus acusou positivo, o que agravou ainda mais seu quadro.

Já a kokama Maria Vargas Castelo Branco estava internada desde 28 de fevereiro, também em Manaus transferida de São Paulo de Olvença, para tratamento de anemia hemolítica autoimune. De acordo com os médicos, o quadro da paciente agravou-se após a contaminação do novo coronavírus, quando passou a respirar por aparelhos. Ela morreu na quinta-feira. De acordo com o atestado de óbito, a indígena faleceu em decorrência de insuficiência respiratória aguda por Covid-19; anemia hemolítica autoimune; e lúpus eritematoso sistêmico.