Catador de materiais recicláveis é agredido após se sentar próximo a distribuidora em Goiânia
Crime ocorreu após a vítima ter se sentado na calçada para descansar, há aproximadamente 300 metros de distância do estabelecimento
Um catador de materiais recicláveis foi agredido e ameaçado pelo dono de uma distribuidora de bebidas no setor Coimbra, em Goiânia. Crime aconteceu no último domingo (13), após a vítima ter se sentado na calçada para descansar, há aproximadamente 300 metros de distância do estabelecimento. A denúncia foi feita ao Mais Goiás por uma mulher, que flagrou o momento das agressões e interviu.
De acordo com a denunciante, que optou por não revelar sua identidade, ela mora próximo ao local das agressões e procurava pela chave de casa quando viu o catador se sentando na calçada. Quando já estava dentro de sua residência, alega ter ouvido os pedidos de socorro do homem e que saiu para ver o que estava acontecendo.
Diante das agressões, a mulher disse que interviu na briga e pediu para que o homem parasse com aquilo. O dono da distribuidora teria então, segundo a denunciante, dito que ela tinha sorte de não apanhar também, por ser mulher.
A mulher filmou o dono da distribuidora quando ele ainda estava no local. O homem segurava um tubo de plástico, usado para bater no catador. No vídeo, a mulher diz que ele agrediu o catador de materiais recicláveis sem qualquer motivo.
“Covarde! O homem parou para descansar e ele chegou espancando o cara. Tratando as pessoas igual cachorro”, gritou a denunciante. Ao fundo, é possível ouvir o catador de materiais recicláveis gemendo de dor. Ele teve ferimentos nos braços e pernas. O dono da distribuidora rebateu as acusações na filmagem, dizendo: “o que você sabe sobre isso?”.
Ao Mais Goiás, o dono da distribuidora disse que não agrediu o catador e “apenas o ameaçou” para que ele saísse do local, porque já estaria proibido de se aproximar de lá. Segundo o dono do estabelecimento, a vítima sempre passa pela distribuidora e importuna os clientes pedindo esmola, gerando insegurança. Além disso, acusou o catador de urinar e defecar na porta do comércio, bem como “atirar dejetos em funcionários”.
Catador de materiais recicláveis diz que não é a primeira agressão
Em outros vídeos feitos pela mulher e enviados ao portal, o catador de materiais recicláveis explica que não é a primeira vez que é agredido e ameaçado pelo dono da distribuidora. Ele alega que outros catadores e moradores de rua também já sofreram com as ações violentas do empresário, cometidas supostamente sem qualquer motivo.
Na filmagem, o catador mostra os ferimentos nos braços e pernas causados pelas agressões, enquanto ainda estão sangrando. A vítima também diz que trabalha honestamente pois precisa comer e arcar com despesas, pois paga aluguel.
Polícia não agiu
Ao Mais Goiás, a mulher que denunciou o crime disse tentou registrar um boletim de ocorrência on-line, mas não conseguiu. Na sequência, ligou para a Polícia Militar (PM), solicitando que uma equipe fosse até o local. Entretanto, policiais teriam dito a ela que o dono do distribuidora estava certo e que eles não podiam fazer nada.
Procurada pelo portal, a PM ainda não se manifestou sobre o assunto.
A advogada do proprietário encaminhou uma nota à reportagem. Confira o texto na íntegra:
“No dia de hoje, 15 de novembro de 2022, fomos notificados pelo Mais Goiás, veículo de comunicação, que seria postado vídeo de um dos colaboradores da distribuidora supostamente agredindo um morador de rua.
Diferentemente do afirmado não existe agressão física e tão somente comunicação de que o referido morador de rua estava proibido de adentrar no referido comércio.
Repita-se que o mesmo cidadão há semanas tem práticas reiteradas no sentido de urinar e defecar na porta do comércio, atirar dejetos em funcionários, importunar clientes, pedir esmolas, ameaçar clientes mulheres no deslocamento loja – veículo, gerando insegurança e caos.
A direção da distribuidora de bebidas Zero Grau se coloca à disposição dos Órgãos Competentes para apresentação de prova dos fatos.
Por fim ressalta-se que a parte não autoriza a publicação de sua imagem em nenhum veículo de comunicação, conforme artigo 5, inciso X, da Constituição Federal, motivo pelo qual buscará o Poder Judiciário para ter seu direito tutelado, inclusive no que diz respeito a reparação pelos danos causados pela veiculação de sua imagem”.