Chefe da polícia é demitido após tragédia com mortos e feridos em estádio na Indonésia
Polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo contra as arquibancadas lotadas, o que provocou pânico e correria, dizem testemunhas
Em meio à comoção nacional e indignação crescente, a Indonésia busca explicações para tragédia no estádio Karnjurhan, na cidade de Malang, onde mais de 100 pessoas morreram, sendo 32 crianças, e outras que ficaram feridas após um tumulto durante uma partida de futebol. O chefe da polícia local foi destituído, e nove oficiais acabaram suspensos.
A confusão começou quando torcedores do Arema FC invadiram o gramado depois que o time perdeu por 3-2 para o Persebaya Surabaya, a primeira derrota para o rival em mais de duas décadas.
A polícia respondeu com atirando bombas de gás lacrimogêneo contra as arquibancadas lotadas, o que provocou uma corrida desesperada dos torcedores. Como os portões do estádio eram pequenos, muitas pessoas foram esmagadas ou asfixiadas, segundo testemunhas.
As forças de segurança chamaram o incidente de “motim”, no qual dois agentes morreram, mas os torcedores acusaram a polícia de exagerar na resposta e provocar a morte de muitas pessoas.
Nesta segunda-feira (3), foram aplicadas as primeiras sanções: o chefe da polícia de Malang, Ferlo Hidayat, foi destituído e nove agentes foram suspensos, anunciou o porta-voz da Polícia Nacional, Dedi Prasetyo.
Ele indicou que os investigadores estão analisando as imagens das câmeras de segurança do estádio e apontou que 28 policiais foram interrogados, especialmente sobre o uso de gás lacrimogêneo no estádio.
O presidente do Arema FC, Gilang Widya Pramana, pediu desculpas e se responsabilizou pelo incidente.
“Como presidente do Arema FC, assumirei toda a responsabilidade do ocorrido. Peço desculpas profundas às vítimas, seus familiares, todos os indonésios e à Liga 1”, disse.
Grupos de defesa dos direitos humanos exigiram uma comissão independente e que os policiais sejam responsabilizados pelo uso de gás lacrimogêneo em um espaço fechado.
As críticas à polícia são cada vez mais intensas. O técnico do Arema FC, o chileno Javier Roca, disse que “alguns torcedores morreram nos braços dos jogadores”.
“Os jovens passavam com as vítimas nos braços. Acho que a polícia ultrapassou os limites”, declarou à rádio espanhola Cadena Ser.
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, considerou a tragédia um “dia sombrio para o futebol”.
Indenização às famílias
“De acordo com as últimas informações que recebemos, das 125 pessoas que morreram no acidente, 32 eram crianças, sendo a mais jovem um menino de três ou quatro anos”, declarou Nahar, do ministério do Empoderamento das Mulheres e da Proteção da Infância –que, como muitos indonésios, tem apenas um nome.
O presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou uma indenização às famílias das vítimas.
“Como sinal de condolências, o presidente doará 50 milhões de rupias [US$ 3.200 ou R$ 16,5 mil] para cada vítima falecida”, disse o ministro da Segurança, Mahfud MD, que prometeu a entrega do dinheiro em um ou dois dias.