Clientes do HSBC relatam problemas durante migração para o Bradesco
Vice-presidente do Bradesco diz que a instituição está mobilizada para resolver todas as pendências decorrentes da transição de sistemas
Diversas empresas que eram clientes do HSBC e foram absorvidas pelo Bradesco, depois do processo de aquisição, estão desde o dia 10 de outubro com problemas para pagar salários e fornecedores. Elas relatam ainda problemas de comunicação com o banco. Sem acesso ao sistema bancário do Bradesco, as empresas estão contabilizando prejuízos e acionando escritórios de advocacia com intuito de processar a instituição.
O vice-presidente do Bradesco, Maurício Minas, diz que os problemas têm sido localizados e que a instituição está mobilizada para resolver todas as pendências decorrentes da transição de sistemas, especialmente os casos de atraso no pagamento de salário. “Vamos analisar caso a caso, mas vamos ressarcir integralmente qualquer impacto financeiro”, disse Minas. “O salário é sagrado e, quando detectamos o problema, agimos rapidamente e hoje as reclamações já diminuíram.”
O banco mantém um canal de atendimento a empresas com 500 atendentes e colocou mais 120 profissionais – “altamente especializados”, segundo Minas – para resolver as questões que envolvam os clientes corporativos do HSBC, com atendimento 24 horas. Além disso, criou um sistema paralelo em que os funcionários do banco fazem manualmente alterações que o sistema do Bradesco não reconhece.
O problema maior foi com o envio das planilhas de pagamento por parte das empresas ao banco, que não foram reconhecidas pelo sistema do Bradesco. O banco demorou alguns dias para detectar o problema e alguns salários chegaram a atrasar dois dias. Para as empresas acostumadas com o HSBC, há um processo de adaptação ao sistema Bradesco, que é todo online.
Mas os casos não se limitaram a pagamento de salários. Uma empresa multinacional relata que não conseguiu pagar seus fornecedores porque o banco limitou suas operações diárias a R$ 100 mil. Com o atraso no pagamento, a empresa acabou tendo prejuízo, em função dos juros. “Estamos desde o dia 10 sem acesso ao sistema bancário”, disse um representante da multinacional, que alegou não conseguir sequer se comunicar com sua agência bancária e tampouco ter acesso à sua conta online.
O vice-presidente do Bradesco afirmou que qualquer uma das 140 mil empresas que eram clientes do HSBC pode procurar qualquer agência Bradesco caso tenha problemas, não precisando se ater à sua antiga agência. Disse ainda que a empresa pode enviar e-mail diretamente a qualquer diretor, se tiver acesso a esses executivos, ou usar os canais de atendimento telefônico. “O cliente HSBC passa na frente na fila”.
Mudança
A migração de sistemas aconteceu integralmente no fim de semana dos dias 8 e 9 de outubro, quando as 829 agências HSBC e 342 postos de atendimento passaram a usar o logo do Bradesco e todo o sistema tecnológico do banco. Só para trocar a tecnologia das agências, o Bradesco investiu R$ 100 milhões.
A decisão de fazer a transição de uma vez só se deveu ao fato de que a plataforma HSBC seria completamente extinta. Em outras integrações, como no caso do Itaú e Unibanco, os sistemas foram aos poucos sendo unificados, com pequenos grupos de agências por semana.
Para os cerca de 5 milhões de clientes pessoas físicas do HSBC, não há relatos de grandes problemas. O Procon de São Paulo diz que recebeu apenas quatro reclamações.
A assessoria de imprensa do Banco Central informou que, desde o último dia 10, registrou “discreto aumento” no número de reclamações sobre o tema e tomou as medidas necessárias.
O BC informa que o cliente que se sentir lesado pode procurar a ouvidoria da instituição financeira e, posteriormente, órgãos de defesa do consumidor ou a central de atendimento do Banco Central.
“Migrações de grandes volumes de clientes e produtos podem gerar problemas de atendimento nos primeiros dias de sua implantação, a despeito de todos os esforços empreendidos no sentido de prevenir ocorrências, a exemplo dos inúmeros testes preparatórios para a migração”, disse o Banco Central, em nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.