DINHEIRO PÚBLICO

Com candidatura barrada, prefeita de Planaltina gasta R$ 345 mil do fundo eleitoral

Um grupo de pouco mais de cem candidatos que não disputou as eleições de domingo…

Um grupo de pouco mais de cem candidatos que não disputou as eleições de domingo (15), a maioria por ter sido barrado pela Justiça, declarou gastos de dinheiro público que ultrapassam R$ 1 milhão.
A lista dessa despesa com verba pública foi levantada pelo Movimento Transparência Partidária, com ferramenta desenvolvida pela agência de dados Volt Data Lab.

Os dados mostram que a primeira da lista do desperdício é a mãe do fundador e presidente nacional do Pros, Eurípedes Jr., conhecida como Dona Cida (Pros).

Atual prefeita de Planaltina (GO), no entorno do Distrito Federal, Dona Cida (Maria Aparecida dos Santos) tentou disputar a reeleição, mas acabou tendo a candidatura barrada pela Justiça e renunciou ao pleito.

A sentença do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás que indeferiu o pedido de Dona Cida, em 26 de outubro, relata que ela foi condenada pela prática de “diversas irregularidades na arrecadação e gastos ilícitos de recursos na campanha eleitoral” de 2018, quando tentou se tornar deputada federal. Ela não recorreu e renunciou à candidatura.

De acordo com o Ministério Público, as irregularidades somaram R$ 1,2 milhão, representando 66% da movimentação declarada na ocasião pela candidata.

Na prestação de contas que apresentou à Justiça agora em 2020, Dona Cida afirma ter gasto na campanha frustrada R$ 345 mil do Fundo Eleitoral, a principal fonte pública de financiamento dos candidatos.

Entre os custos que afirma ter tido, há R$ 92 mil para elaboração de sua prestação de contas, R$ 50 mil pela locação de um trio elétrico, R$ 50 mil por assessoria de comunicação, R$ 30 mil de combustíveis e R$ 30 mil com advogados, além de vários pagamentos a título de contratação de cabos eleitorais.

Durante a análise do pedido de registro de candidatura, a defesa de Dona Cida negou que ela tenha cometido irregularidades durante a campanha de 2018 e afirmou que foram apresentados inúmeros documentos que demonstram a regularidade de prestação de contas.

Afirmou ainda que a condenação estava com efeito suspenso devido ao recurso apresentado. O Pros não se manifestou.

Carlinhos do Egito (PROS) substituiu Dona Cida na disputa pela Prefeitura de Planaltina, mas acabou em terceiro, com 32,12% dos votos válidos.

Os dados levantados pelo Transparência Partidária mostram ainda que pouco mais R$ 100 milhões em recursos privados arrecadados pelos candidatos foram doados em espécie.

A lista é encabeçada pelo candidato a prefeito de Xanxerê (SC), Wilson Martins (PSL), que declarou depósito em espécie de R$ 59 mil em recursos próprios. Ele também não conseguiu ser eleito. A Folha não conseguiu falar com Martins.

Os valores recebidos em espécie devem ser maior, já que a prestação de contas final dos candidatos só será entregue em dezembro.

Em 2016, ano das últimas eleições, municipais, as doações privadas em espécie somaram R$ 387 milhões. Naquele ano, os recursos privados preponderaram já que não havia sido criado ainda o Fundo Eleitoral, que, nas eleições deste ano, reservou R$ 2,035 bilhões aos candidatos a prefeito e vereador.

Um ano antes, em 2015, o Supremo Tribunal Federal havia proibido a doação de empresas aos candidatos, sob o argumento de que o poderio econômico conspirava contra o equilíbrio de forças na disputa.

Apesar disso, até hoje as empresas continuam podendo participar da disputa por meio de doações feitas por seus executivos.