EFEITO COVID

Com falta de remédios anestésicos para intubação, sociedades médicas listam drogas substitutas

Entre as sugestões apresentadas em reunião no último domingo (21) está o cancelamento de cirurgias eletivas para poupar os medicamentos

Planos de saúde geram insatisfação (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Em resposta ao desabastecimento de medicamentos para intubar pacientes com Covid-19 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), sociedades médicas divulgaram uma lista de medicamentos substitutos e recomendaram o cancelamento de cirurgias eletivas.

Sem medicamentos sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares, essenciais para instalar o tubo de oxigênio nos doentes, não é possível socorrer pacientes graves que precisam de ventilação mecânica.

As entidades se reuniram no domingo (21) com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para entregar o documento com as novas recomendações. Houve reunião também com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e o Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde).

Luis Antonio Diego, diretor de defesa profissional da SBA (Sociedade Brasileira de Anestesiologia), disse que a falta de medicamentos ocorre em alguns lugares do país e que está havendo dificuldade de reposição de estoque na maioria dos estabelecimentos assistenciais de saúde.

“A compra está difícil, há um desabastecimento e nós devemos adequar o protocolo a uma situação. Isso não quer dizer que estamos recomendando nada fora da segurança e qualidade.”

Entre as sugestões apresentadas está o cancelamento de cirurgias eletivas para poupar os medicamentos. Além disso, a recomendação é de providenciar medidas administrativas que facilitem a importação desses medicamentos, com a maior celeridade possível e a busca ativa por aquisições e doações por parte de países com estoques disponíveis.

Em relação aos medicamentos, a ideia é que sejam substituídos por outros de igual eficácia mas com mais disponibilidade no mercado. Pode também haver diferentes combinações de drogas, dependendo do que estiver à mão e do quadro e da saúde do paciente.

“A combinação pode ficar até melhor. A questão é que cada hospital tem um tipo de protocolo e quando muda algo, alguns não sabem como proceder. Por isso, fizemos as tabelas e estamos fazendo treinamento”, diz Diego.

As novas orientações foram criadas por uma força-tarefa composta de membros da SBA, da Amib (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), da Abramede (Associação Brasileira de Medicina de Emergência), do ISMP-Br (Instituto para Práticas Seguras do Uso de Medicamentos), e da SBRAFH (Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde).

O aumento no número de casos graves de Covid-19 tem feito a capacidade de atendimento das UTIs e os estoques de medicamentos utilizados na intubação de pacientes chegarem ao limite.

A Anvisa publicou nesta sexta (19) resolução que flexibiliza o aval necessário para que empresas ofereçam no mercado medicamentos usados para intubação de pacientes com Covid.
A reunião de emergência marcada para discutir, no domingo (21), a escassez de medicamentos para intubação de pacientes foi cancelada porque a Anvisa não enviou o email que deveria convocar e confirmar o horário do encontro.

Em nota, a Anvisa informou que a adoção de novos protocolos cabe ao Ministério da Saúde. Procurada para comentar o caso e dizer se pretende adotar as novas orientações, a pasta não atendeu ao pedido da da reportagem.

*Por: Raquel Lopes