Sem festas na virada de ano, indústria de fogos de artifício enfrenta ‘apagão’
Para evitar aglomerações, prefeituras das cidades que fazem as queimas de fogos mais tradicionais do…
Para evitar aglomerações, prefeituras das cidades que fazem as queimas de fogos mais tradicionais do Réveillon cancelaram seus eventos, entre elas as do Rio de Janeiro, São Paulo, Balneário Camboriú, Florianópolis, Fortaleza e Salvador.
O corte atingiu em cheio o setor de pirotecnia, que contava com as vendas de dezembro para ajudar a recuperar a receita em um ano sem grandes eventos.
Wilber Tavares de Farias, presidente da Assobrapi (Associação Brasileira de Pirotecnia), divide o setor em duas partes: a de grandes queimas, chamadas de shows, que exigem mão de obra especializada, e as vendas de varejo.
As festas com shows pirotécnicos, como as de Réveillon, devem cair 90% em 2020. A falta de grandes festas de empresas e de shows de artistas que usam fogos de artifício também ajudaram a arrasar as vendas no ano.
“Foi um ano para ser esquecido não só na parte de fogos, mas para todo o setor de eventos”, diz.
Já para o varejo a queda estimada é de 50%, mas Farias ainda espera uma pequena recuperação, justamente pela falta de grandes queimas em locais públicos –sem ter um lugar para ir ver os fogos, as pessoas podem se motivar para fazer pequenas queimas em suas próprias casas, em reuniões familiares.
A ausência das grandes queimas de fogos à meia-noite também afeta o turismo. Como explica Orlando de Souza, presidente do FOHB (Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil), cidades como São Paulo têm sua ocupação no final do ano atrelada à realização de eventos de Réveillon. Sem os shows e fogos na Paulista, e também sem grandes festas privadas, falta motivação para o viajante ir até a capital.
Festas em estabelecimentos comerciais, como restaurantes e hotéis, estão proibidas em São Paulo. Na terça (22), foi anunciado que o estado estará na fase vermelha do plano de contingência da Covid-19 nos dias 1º, 2 e 3 de janeiro, no qual só é permitido que serviços essenciais funcionem.
A unidade do hotel Hilton no Morumbi fará um jantar com DJ, mas bebidas alcoólicas só serão vendidas até as 20h, seguindo regra estadual. Por causa da entrada na fase vermelha, um bruch que estava programado para o dia 1º foi cancelado –é possível comprar no hotel uma versão para comer em casa.
Em cidades litorâneas o impacto tende a ser menor, diz Souza, porque a praia já é um atrativo para a data, mesmo sem as festas. Mas ter o mar por perto não será garantia de conseguir pular sete ondinhas na Virada. Algumas cidades, como Salvador e Fortaleza e municípios da Baixada Santista, vão fechar trechos da orla.
No Rio, onde os shows musicais e de fogos em Copacabana não acontecerão neste ano, alguns hotéis vão promover suas próprias queimas. A rede Windsor terá fogos na virada do ano em duas unidades na Barra da Tijuca, Barra e Marapendi –também haverá ceia e música ao vivo.
Para não infringir as restrições sanitárias, os hotéis pelo país tiveram que adaptar suas comemorações, reduzindo as festas a jantares, sem dança e com uma mesa para cada grupo familiar. “O Réveillon vai ser o que der para fazer”, afirma Souza.
As reservas para o final do ano, que estavam indo bem, começaram a diminuir com o anúncio de novas restrições por parte das prefeituras e dos estados, que restringem a venda de bebidas alcoólicas ou o horário de funcionamento de restaurantes, o que deixa os turistas apreensivos sobre a viabilidade da viagem.
“O que aconteceu em Búzios deixou as pessoas com medo de serem retiradas dos hotéis”, diz o presidente do FOHB. Na última quinta (17), uma liminar proibiu a entrada de visitantes no balneário fluminense, e chegou a ordenar que os turistas deixassem a cidade em 72 horas. A decisão foi derrubada pelo presidente do TJ-RJ no dia seguinte.