De novo

Com risco em barragem, Barão de Cocais (MG) terá treinamento para fuga

De acordo com a Defesa Civil, na zona de segurança secundária (ZSS), onde a inundação chegaria em 1 hora e 12 minutos, há 3 mil residências e cerca de 9 mil pessoas

A partir de segunda-feira (25), parte da população de Barão de Cocais (a 100 km de Belo Horizonte) irá passar por um simulado de evacuação de emergência para caso de rompimento de uma barragem na mina Gongo Soco, da Vale. A estrutura teve o nível de alerta elevado para 3 nesta sexta, o que significa ruptura iminente ou já ocorrendo.

De acordo com a Defesa Civil, na zona de segurança secundária (ZSS), onde a inundação chegaria em 1 hora e 12 minutos, há 3 mil residências e cerca de 9 mil pessoas. O cálculo é feito em cima da estimativa de que cada casa tenha 3 moradores. O município tem população de 32.319, segundo o IBGE.

“Toda uma estrutura de polícia militar foi instalada na cidade para fazer esse socorro, caso seja necessário. Neste momento, as equipes estão melhorando, qualificando o plano de contingência, para que toda a população de Barão de Cocais saiba, numa eventual evacuação, para qual local ela deve correr”, explica o tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais.

O plano para a evacuação, diz ele, já existe. Porém, a Defesa Civil, junto ao Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e a prefeitura de Barão de Cocais, ainda discute pontos onde ele pode ser aperfeiçoado. A ideia é que isso seja definido durante o fim de semana, para que o treinamento com a população comece na segunda.

No dia 8 de fevereiro, foram retiradas 454 pessoas que vivem na zona de autossalvamento (ZAS), como é chamada a primeira área a ser atingida em caso de rompimento -situada até 10 km da barragem, onde a lama chegaria em 30 minutos.

Desde então, pontos de bloqueio impedem o acesso ao local. Segundo a Vale, 442 pessoas da região ainda estão em moradias provisórias, hotéis, pousadas ou casa de amigos e parentes, por causa da situação.

A barragem que apresenta risco, a Sul Superior, é uma das estruturas com construção a montante que fará parte do plano de descomissionamento/descaracterização anunciado pela Vale. Um registro da Agência Nacional de Mineração (ANM) diz que ela tem 85 m de altura e volume de 6,01 milhões de metros cúbicos.

O tenente coronel afirma que, mesmo que o rompimento aconteça antes do treinamento, as pessoas ainda poderão ser retiradas a tempo. O plano que está sendo trabalhado serviria para fazer isso de forma mais organizada, dando tempo hábil para que possam ser retirados documentos e outros pertences que os moradores consideram importantes.

Áreas próximas ao leito do rio Santa Bárbara foram dividas em quadrantes, com sete pontos de encontro, para onde os moradores devem proceder em casa de emergência. Godinho afirma que, caso isso tivesse sido feito em Brumadinho, não haveria hoje 212 mortos e 93 desaparecidos.

“Pelos cálculos, pela expertise que a gente já tem, a gente consegue fazer isso com segurança. O plano é para que isso aconteça de forma muito mais coordenada do que se fosse necessário fazer agora”, diz ele.
No início da tarde, foi realizada uma reunião com a comunidade para explicar o que está sendo feito e esclarecer sobre a situação.

Em nota, a Vale diz que resolveu elevar a nível de alerta para 3 como prevenção, depois que auditoria independente constatou divergências de dados nos dois sistemas de monitoramento da barragem na quarta-feira (20).
A mineradora ressalta que “continua adotando uma série de medidas preventivas para aumentar a condição de segurança de suas barragens”. Um posto de informações será instalado na Secretaria Municipal de Educação de Barão de Cocais para atender a população local.