Como nova geração negra usa redes sociais para combater racismo
“Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes”, diz uma parte do hit “AmaRelo”, do…
“Permita que eu fale, não as minhas cicatrizes”, diz uma parte do hit “AmaRelo”, do rapper Emicida. Ele virou o hino de uma geração que, ao mesmo tempo em que não deseja se ver restrita apenas à luta contra o racismo, também vem batendo de frente contra ele sem meias palavras.
Já houve época em que casos como o do entregador Matheus Fernandes, de 18 anos — acusado por dois policiais militares que faziam a segurança privada de uma loja do Ilha Plaza Shopping, na Zona Norte do Rio, de ter roubado um relógio que ele mesmo havia comprado para o pai — não ganhavam tanta notoriedade.
Porém, graças às articulações dentro e fora da internet, ela têm sido mais denunciados. Tatiana Nefertari, 24 anos, é uma das militantes muito ativadas nas redes sociais. Empoderada, pelo samba e pelo rap, ajudou a criar, no ano passado, a Biblioteca Comunitária Assata Shakur, na periferia da zona leste de São Paulo, dedicada a livros de pessoas pretas e às histórias dos povos africanos.
O aumento da intolerância regiliosa é uma das causas da cientista política e ativista, Naila Neves, de 28 anos, que. utiliza suas redes sociais para informar sobre esses assuntos, além de conteúdos antirracistas. Ela, que é do Ilê Asé Orisá Dewi, um dos mais antigos da nação Ketu, em Brasília, contou que essas pautas sempre foram recorrentes em sua casa.
— Meus pais são do MNU (Movimento Negro Unificado) e convesavam comigo e com meu irmão para termos noção do que é o racismo e como reagir, porque além de ser uma mulher negra, sou afro-religiosa. Uma vez, eu e meu irmão estávamos na 4ª série, de uma escola particular, onde a maioria era branca e percebemos um livro onde as pessoas negras eram representadas como macacos.