Condenado por pistolagem é denunciado por tentar matar colega de prisão, em Iaciara
O acusado é conhecido no município como um suposto pistoleiro suspeito de cometer 18 homicídios na região
O lavrador Leonino Pereira de Sousa, apelidado de “Léo”, irá a júri popular por tentativa de homicídio contra o colega de prisão Australiamar Fernandes Ferreira. O acusado é conhecido em Iaciara, no Nordeste de Goiás, como um suposto pistoleiro suspeito de cometer 18 homicídios na região.
A sentença foi proferida nesta quarta-feira (17) pelo juiz Luiz Antônio Afonso Júnior, que pronunciou Leonino com duas qualificadoras: motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Por considerar que o réu é de alta periculosidade, uma vez que já foi condenado por homicídio e responde na Justiça por vários outros crimes (homicídios e roubos), o magistrado determinou que ele aguarde o julgamento preso, inclusive para a garantia da ordem pública.
Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a tentativa de homicídio teria ocorrido em decorrência de um desentendimento entre as partes pelo fato de Leonino ter se relacionado com a ex-esposa de Australiamar.
O crime
Segundo o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), em 9 de fevereiro deste ano, Leonino Pereira, por livre e consciente vontade, tentou matar Australiamar Fernandes. Conforme a denúncia, no dia anterior ao crime o acusado disse à vítima que estava se relacionando com a sua ex-companheira Poliana Alves da Silva e o ameaçou de morte caso a informação viesse a público. Com medo de Leonino, Australiamar se afastou de Poliana, que continuou lhe enviando cartas de amor.
Por volta das 17 horas da data mencionada, conforme descreve a denúncia, o detento Weliston Vieira Leite, encarregado de auxiliar os agentes prisionais na abertura e fechamento das celas, abriu a de Leonino, que, usando as chaves da cadeia, conseguiu ter acesso ao cárcere da vítima. Como Australiamar não atendeu ao pedido do denunciado para deixar a cela, ele o arrastou à força para fora e armado com uma faca na cintura acertou um soco na sua cabeça, momento em que ele caiu desacordado no chão.
Mesmo com a vítima inconsciente, Leonino continuou a lhe dar vários chutes, quebrou sua mão, o antebraço esquerdo e uma de suas costelas. De acordo com o MP, Australiamar só não acabou morto porque Weliston interveio e empurrou Leonino para dentro da sua cela, trancafiando-o. O motivo para o crime seria o fato de Australiamar ter divulgado o suposto relacionamento do acusado com Poliana.
Depoimentos
Foram ouvidas neste caso três testemunhas de acusação e dispensadas as da defesa, cujas gravações foram feitas em áudio e vídeo. Outras testemunhas também prestaram declarações relativas a mais três processos analisados pelo magistrado na audiência, inclusive a da ex-mulher do acusado Ana Rodrigues Alves. Em depoimento prestado ao magistrado e ao promotor local Douglas Roberto de Magalhães Chegury, Ana Rodrigues, que foi casada com Leonino por 12 anos e está cotidianamente escoltada pela polícia, contou que viveu anos de verdadeiro “terror” nas mãos do marido, que sofre constantes ameaças de morte por parte dele (mesmo preso), além de afirmar que ele relatava todos os crimes que cometia. Conforme declarou, quando ele não conseguia concretizar um homicídio chorava compulsivamente.
“Os anos que convivi com Leonino foram os piores da minha vida. Ele me ameaçava e me atormentava constantemente. Dizia que seu contasse para alguém aqueles horrores iria me matar. Sei contar nos dedos das mãos todos os crimes. A loucura dele era tamanha que quando ele conseguia matar alguém chegava em casa rindo e cantarolando. Por outro lado, quando não atingia seu intento, chorava sem parar, por horas a fio. Decidi denunciá-lo porque mesmo que morra pelas mãos dele em algum momento, impedirei que ele faça isso com outras pessoas”, emocionou-se.
Por sua vez, Leonino Sousa, que disse ser analfabeto e só saber assinar o próprio nome, negou todos os crimes, e frisou que não sabe manejar direito faca ou revólver, nem tem sentimento de vingança contra ninguém ou envolvimento com drogas dentro do presídio – questionamento feito pelo promotor de justiça. “Não assumirei o que não fiz. Nunca ameacei ou me senti ameaçado por ninguém, nem matei ou fiz qualquer tentativa nesse sentido”, enfatizou.