‘Confissão’ de Lula sobre mensalão é registrada em livro
Jornalistas uruguaios relatam encontros do ex-presidente com o colega uruguaio José Mujica.
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Um livro publicado no Uruguai sobre os cinco anos do governo José Mujica (2010-2015), segundo relatos do próprio mandatário, revela que o ex-presidente Lula lhe teria feito uma “confissão” sobre o esquema de compra de votos armado, em seu primeiro mandato, conhecido como mensalão.
Escrito pelos jornalistas uruguaios Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz, Uma ovelha negra no poder narra encontros entre Lula e Mujia e, em um registro inédito, a afirmação por parte do brasileiro de que o mensalão seria “a única forma de governar o Brasil”.
“Lula não é um corrupto como [Fernando] Collor de Mello e outros ex-presidentes brasileiros. Mas viveu esse episódio [do mensalão] com angústia e um pouco de culpa”, diz trecho do livro, que reúne cem horas de entrevista concedida por Mujica aos autores, jornalistas da revista Búsqueda. A publicação ainda não tem data de lançamento no Brasil.
Segundo o jornal O Globo, a “confissão” de Lula foi feita em 2010, em Brasília. Na ocasião, Lula teria dito literalmente a Mujica, segundo relator do ex-chefe de Estado uruguaio: “Neste mundo tive que lidar com muitas coisas imorais, chantagens. Essa era a única forma de governar o Brasil”. Segundo Mujica, seu ex-vice-presidente, Danilo Astori, testemunhou as declarações de Lula.
O livro registra ainda a admiração de Mujica por Lula, “um baixinho bárbaro”. “Mujica sempre viu Lula como uma espécie de padrinho. Sempre pensou que o Uruguai deveria seguir o rumo do Brasil, que é o grande protagonista da região. Mujica sempre afirmou que Lula não é corrupto, mas que o Brasil vive na corrupção”, disse ao jornal fluminense um dos autores do livro, Andrés Danza.
Procurado pelo O Globo para comentar o conteúdo do livro no final da tarde de quinta-feira, o Instituto Lula informou que não teria “como encaminhar um comentário a essa hora”. O instituto apresentou uma questão adicional: que as declarações de Mujica não fossem reproduzidas “parcialmente” pelo jornal, de forma tendenciosa.