VIOLÊNCIA

Conflitos na Amazônia deixaram 15 mortos este ano, diz Comissão Pastoral da Terra

Região lidera os assassinatos registrados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que mapeia a violência no campo no Brasil

Conflitos na Amazônia deixaram 15 mortos este ano, diz Comissão Pastoral da Terra (Foto: Polícia Federal)

Dados preliminares da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que mapeia a violência no campo no Brasil, mostram que 19 pessoas foram assassinadas este ano em decorrência de conflitos, das quais 15 na Amazônia Legal, onde foram mortos o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips. O número não incluiu o assassinato deles e, segundo a CPT, os indígenas são maioria entre as vítimas.

Em abril passado, por exemplo, dois indígenas foram mortos e cinco ficaram feridos na comunidade Pixanehab, na TI Ianomâmi, num conflito com garimpeiros, que teriam armado uma aldeia rival. A comunidade Pixanehab é contra a invasão de suas terras por garimpeiros.

Em 2021, segundo a CPT, foram registrados 35 assassinatos no país, dos quais 28 ocorreram nos estados amazônicos.

O aumento foi de 75% em relação a 2020. Entre os indígenas assassinados estão José Vane Guajajara, 26 anos, na Terra Indígena Rio Pindaré (MA) e Isac Tembé, 24 anos, da Terra Indígena Rio Guamá, no Pará, na porção de floresta Amazônica que resta em pé entre os dois estados.

Nesta quinta-feira (16), a CPT divulgou nota manifestando tristeza e indignação com o assassinato de Bruno Pereira e Dom. Lembrou que a violência bárbara que vitimou os dois é praticada cotidianamente contra os povos do campo e das florestas e contra quem defende os direitos humanos e o meio ambiente. Além da impunidade, afirmou a entidade, a violência é reflexo do “amplo processo de retirada de direitos sociais, territoriais e ambientais que vivenciamos no Brasil, com aprofundamento após as eleições de 2018”.

A entidade afirmou que, numa região dominada pelo crime organizado, comandada pelo narcotráfico, pela extração ilegal de madeira, exploração ilegal de garimpos e pesca ilegal, os que defendem os povos indígenas e lutam pela preservação da floresta não são “bem vistos”. “Ao contrário, por alguns ali, é bem-visto o Presidente da República e todos os que querem uma Amazônia livre de qualquer restrição legal de exploração”.

A CPT ressalta que a Amazônia concentra o maior número de conflitos e de violências contra os povos originários e tradicionais e sobre os sem-terra que buscam um pequeno espaço para sobreviver do seu trabalho.