Em meio à crise instalada na empresa, o Conselho de Administração da Saneago elegeu nesta quarta-feira (31) seu novo corpo diretor. Os três novos dirigentes foram empossados durante a noite e já estão atuando.
Para a Diretoria de Produção (Dipro), foi indicada a engenheira Lívia Maria Dias e para a Diretoria de Expansão (Diexp), a engenheira Juliana Matos de Sousa, ambas funcionária de carreira da Saneago. Para o cargo de Diretor de Gestão Corporativa (Dicor), foi eleito o engenheiro e advogado Fernando Xavier da Silva, funcionário de carreira do Tribunal de Contas do Estado de Goiás.
Lívia é Engenheira Civil e trabalha na Saneago há 31 anos. Ela já foi superintendente de Estudos e Projetos e atualmente desempenhava a função de assessora da Diretoria de Expansão. Também oi presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) em Goiás e professora no Curso de Especialização em Resíduos Sólido e Líquido da Universidade Federal de Goiás.
Juliana, da Diexp, é engenheira civil, especialista em Direito Sanitário e trabalha na Saneago há 22 anos. Ela já foi superintendente de Gestão e Assuntos Regulatórios e atualmente exercia a função de Superintendente de Expansão e Concessão.
Agora à frente da Dicor, Fernando Xavier da Silva é engenheiro eletricista e advogado e funcionário de carreira do Tribunal de Contas do Estado de Goiás, onde atua há 47 anos. Foi professor universitário nas áreas de Direito Administrativo e Direito Processual Civil.
Na última segunda-feira (29), o Conselho Administrativo empossou o ex-chefe da Casa Civil do governo estadual e atual vice-presidente da Goiás Parcerias, José Carlos Siqueira, como presidente da estatal. Ele assumiu no lugar de Marlene Alves de Carvalho e Oliveira, que foi nomeada pelo conselho na última quinta (25), pouco depois do afastamento do então presidente, José Taveira, que foi preso no dia anterior em decorrência da deflagração da Operação Decantação. José é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) e foi solto na madrugada desta segunda com o fim do prazo de sua prisão temporária.
Investigações
A Operação Decantação foi deflagrada na manhã do dia 24 e resultou na prisão de 14 pessoas suspeitas de envolvimento em fraudes na Saneago. Entre os detidos estão o presidente da empresa, José Taveira, e o presidente do PSDB em Goiás, Afrêni Gonçalves. A suspeita é que parte dos recursos desviados tenham sido utilizados, inclusive, para custear despesas de campanha de candidatos em 2014, além de coquetéis na sede do Executivo estadual.
A operação mobilizou órgãos como a Controladoria Geral da União (CGU), a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF). Cerca de 300 policiais foram destacados para cumprirem 120 mandados judiciais, sendo 11 de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 21 de condução coercitiva e 67 de busca e apreensão. Desses, apenas um mandado de prisão ainda não foi efetivado.
A expedição dos mandados faz parte das investigações que apuraram que a Saneago teria se tornado o reduto de uma organização criminosa, tanto por meio de sua Comissão Permanente de Licitação (CPL), quanto por seus próprios diretores, que tinham conhecimento dos pormenores das ações ilícitas, que estariam ocorrendo há pelo menos nove anos. “O objetivo das investigações foi identificar questões relacionadas a fraude nas licitações, então constatamos direcionamento, sobrepreço, superfaturamento e a não execução integral do objeto [as obras], que ainda não foi entregue”, afirma o chefe da regional goiana da CGU, Valmir Gomes Dias.
Foram apurados, até o momento, prejuízos efetivos de R$ 4,5 milhões na Saneago, além de mais de R$ 7 milhões de dano potencial.