Convenção do PSL que aprovará fusão com DEM acontecerá em outubro
Executiva de sigla que já abrigou Bolsonaro chama para dia 6 convenção nacional, quando também ocorrerá a do DEM
A executiva do PSL deu mais um passo na fusão com o DEM e aprovou por unanimidade nesta terça-feira (28) a convocação de uma convenção da sigla para bater o martelo sobre a união das legendas.
Na semana passada, o DEM já havia se reunido e decidido dar continuidade ao processo.
Para ser formalizada, a fusão precisa ser aprovada por ambos os partidos em convenção. Em seguida, o processo é enviado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para que seja oficializada a criação de uma nova legenda.
A executiva do PSL, formada por 15 membros, marcou para o dia 6 de outubro a convenção, que será conjunta com a do DEM.
“Na ocasião serão aprovados os projetos comuns de estatuto e o programa do novo partido. Também será eleita a comissão executiva nacional instituidora, órgão nacional que promoverá o registro do novo partido”, afirmou o presidente do PSL, Luciano Bivar, em nota.
Uma vez consolidada a fusão, a tendência é que o PSL, que tem 53 congressistas na Câmara, perca cerca de metade da bancada, formada por apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido).
O DEM também deverá perder apoiadores. A expectativa de ambas as siglas, porém, é que outros quadros migrem para a nova legenda.
A ideia dos dirigentes do provável novo partido é lançar candidato à Presidência ou apoiar formalmente um nome que não seja Bolsonaro.
Nesse movimento, o DEM trabalhará para manter na legenda o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que tem sido assediado pelo PSD. E tentará trazer nomes relevantes, como Geraldo Alckmin (PSDB-SP), ex-governador de São Paulo, e Romeu Zema (Novo-MG), governador de Minas Gerais.
“Com essa sinalização, esperamos concluir a fusão e formar um partido que terá papel relevante em 2022”, disse à Folha o vice-presidente do PSL, Antônio de Rueda.
Com a união das siglas, o novo partido poderá ser o maior no Congresso.
A cúpula do DEM decidiu negociar a fusão para ter um “corpo que pudesse carregar seu conteúdo”, como afirmaram caciques da legenda à Folha reservadamente, após a perda de filiados de destaque em 2021 e a rejeição da volta das coligações partidária pelo Senado.
De um lado, o PSL deverá ter um dos maiores tempos de televisão em 2022, além de ter um robusto fundo eleitoral e partidário.
Do outro, o DEM, um partido que já teve momentos áureos no governo Fernando Henrique Cardoso, mas que hoje, com uma bancada de 28 deputados, não tem a importância que já teve um dia.
A fusão de ambas as siglas —com a incorporação do DEM ao PSL— , na avaliação de dirigentes do DEM, além de uma questão de sobrevivência devido a mudanças nas regras eleitorais, tem por objetivo garantir a relevância dos dois partidos após as eleições de 2022.
Isso porque o PSL foi nanico por cerca de 25 anos, desde a sua fundação, em 1994, até 2018, quando abrigou Bolsonaro na disputa pela Presidência da República.
A onda bolsonarista fez o partido eleger a segunda maior bancada da Câmara e, com isso, ter a segunda maior fatia da verba pública partidária e eleitoral a partir de 2019.
Porém, sem Bolsonaro, que rompeu com a sigla ainda em 2019, o PSL dificilmente terá desempenho perto do que conseguiu em 2018, mesmo com os cofres de campanha cheios.
As eleições municipais de 2020 foram uma prévia. O partido elegeu 90 prefeitos, nenhum deles em grandes cidades.
Já o DEM está longe dos áureos tempos dos anos 1980 e 1990, quando sob o nome de PFL (Partido da Frente Liberal) chegou a ter a maior bancada da Câmara e a presidir as duas Casas do Congresso, além de ter a vice-presidência da República.
Com a chegada do PT ao poder, o partido trilhou o caminho da oposição e acabou entrando em declínio.
Em 2007, na tentativa de se renovar, trocou o comando e mudou o nome para Democratas. Em 2014, chegou ao fundo do poço, tendo eleito apenas 21 deputados federais.
O partido ganhou um novo fôlego após o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, e com a eleição de Rodrigo Maia (RJ) para a presidência da Câmara. Em 2019, venceu também o Senado, com Davi Alcolumbre (AP).
A sucessão de Maia, em 2021, porém, levou a um racha no partido. Seu candidato, Baleia Rossi (MDB-SP), acabou derrotado por Arthur Lira (PP).
Maia se disse traído por ACM Neto (atual presidente da legenda) nessa disputa, fez duras críticas e acabou expulso da sigla que presidiu de 2007 a 2011.
Além de perder o ex-presidente da Câmara, a sigla também viu a saída de Rodrigo Garcia (PSDB), vice-governador de São Paulo, e ainda teme que Pacheco deixe a legenda e vá para o PSD, pelo qual tem sido assediado.