RECONHECIMENTO

Coronel da PM do DF é a primeira transexual com alta patente na corporação

“Eu me reconheço, me aceito, me amo e sou feliz", diz Maria Antônia

(Foto: Reprodução Redes Sociais)

No início deste mês, a policial Maria Antônia alterou os documentos militares e se tornou a primeira coronel transexual da Polícia Militar do Distrito Federal, além de ser a única do país com patente de tenente coronel.

Nas redes sociais, Maria afirmou que foi respeitada e bem atendida no momento da alteração. “Estou aqui novamente para aproveitar o mês da visibilidade trans e dar uma notícia em primeira mão, no sentido também de ajudar outras pessoas que tenham a mesma profissão que eu tive”, começou.

“Trabalhei mais de 30 anos na Polícia Militar do Distrito Federal. Agora estou na reserva remunerada. Hoje estou em Brasília para fazer a retificação dos meus documentos. Fui muito bem atendida, muito bem tratada. Foi simples, fácil, sem nenhuma burocracia. Assim, a título de curiosidade, até o momento consta que sou a primeira mulher trans tenente-coronel da Polícia Militar do Distrito Federal e de todas as PMs e dos Bombeiros Militares do Brasil”, publicou.

Em entrevista ao portal Metrópoles, Maria comentou sobre a conquista. “Imagine que, há 30 anos, o máximo que a sociedade ouvia era sobre a existência da Roberta Close. Não havia informação sobre o assunto. No meu caso, ocorreu um processo que foi se solidificando, se reconhecendo e se identificando. Cada pessoa tem o seu tempo. Ser transexual não é uma escolha, é uma realidade, ninguém quer escolher ser alvo de discriminação”, disse.

Segundo Maria Antônia, a transição começou quando ela deixou a corporação e se intensificou nos últimos quatro anos. “Fiz o melhor que eu pude, da melhor forma possível. Todos os papéis que a vida impôs eu segui. Quando tudo terminou e fui para a reserva, sobrou um tempo para mim”, revelou.

Foram pelo menos oito cirurgias plásticas no rosto, para ficar mais “feminina”. Entretanto, ela ressalva que “pessoa trans não é definida pela quantidade de cirurgias”. “É definida mas por sua essência, exatamente pela própria identidade de gênero que ela se reconhece”, diz.

“A cidadania trans é uma realidade social política e humana no Brasil, onde, infelizmente, ainda é o país recorde na matança, assassinato de mulheres trans, travestis e pessoas LGBTQIA+, situação inaceitável que precisa ser corrigida de acordo com a lei”, acrescentou Maria Antônia.

Atualmente, a oficial tem um canal no YouTube no qual trata de questões de gênero e narra suas próprias experiências. “Eu me reconheço, me aceito, me amo e sou feliz”, conclui.

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*Com informações do Metrópoles