Operação Lava Jato

Corrupção na Petrobras deveria ter sido investigada nos anos 90, diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta sexta-feira (20) que se casos suspeitos de corrupção…

A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta sexta-feira (20) que se casos suspeitos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), do PSDB, já na década de 1990, o esquema descoberto pela operação Lava Jato que envolve a estatal não ocorreria.

“Se em 1996 e 1997 tivessem investigado e tivessem naquele momento punido, nós não teríamos o caso desse funcionário que ficou quase 20 anos praticando atos de corrupção. A impunidade leva a água para o moinho da corrupção”, disse Dilma.

As declarações foram dadas pela presidente em uma entrevista coletiva após a cerimônia de entrega das cartas credenciais dos embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto, em Brasília.

Foi a primeira entrevista de Dilma em seu segundo mandato na Presidência. A presidente não dava declarações à imprensa desde dezembro de 2014.

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em delação premiada, que começou a receber propina da SBM Offshore, uma fornecedora da petrolífera, em 1997, ainda durante o governo FHC.

Barusco disse à PF que abriu uma conta na Suíça no final da década de 1990 para receber as remessas ilegais de dinheiro da SBM, que, segundo ele, totalizaram US$ 22 milhões até 2010.

Dilma disse também que os esquemas de corrupção agora são investigados. “Hoje nós demos um passo e para esse passo devemos olhar e valorizar. Não tem ‘engavetador da República’, não tem controle da Polícia Federal, nós não nomeamos pessoas políticas para os cargos da Polícia Federal. E isso significa que o Ministério Público e a Justiça e todos os órgãos do Judiciário que o que está havendo no Brasil é o processo de investigação como nunca foi feito antes.”

A presidente também isentou as empresas dos “malfeitos” investigados pela Lava Jato, dizendo que eles foram cometidos por funcionários.

Para Dilma, as investigações contra executivos e acionistas das empreiteiras suspeitas de participarem do esquema de corrupção não podem interferir nas obras no país. “É necessário criar emprego e gerar renda no Brasil”.

“Isso não significa, de maneira alguma, ser conivente, ou apoiar, ou impedir qualquer investigação ou qualquer punição a quem quer que seja, doa a quem doer”, afirmou.

Dilma disse ainda que não irá tratar a Petrobras como principal responsável pela corrupção e que quem deve responder pelas irregularidades cometidas na empresa são os funcionários que praticaram atos de desvio e lavagem de dinheiro da estatal.

“Quem praticou malfeitos foram funcionários da Petrobras, que vão ter de pagar por isso. Quem cometeu malfeito, quem participou de atos de corrupção vai ter de responder por eles, essa é a regra do Brasil”, disse.