CPI da Petrobras

Costa diz que Casa Civil foi informada de dificuldades

Durante acareação da CPI mista, Costa disse que não pode concluir se Dilma tinha conhecimento do esquema de corrupção na estatal.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou nesta terça-feira que a Casa Civil foi informada por ele por e-mail em setembro de 2009, das dificuldades da estatal no Tribunal de Contas da União (TCU). Na ocasião, a Casa Civil era comandada pela então ministra-chefe Dilma Rousseff. Durante acareação da CPI mista, Costa disse que não pode concluir se Dilma tinha conhecimento do esquema de corrupção na estatal.

Segundo reportagem da revista Veja, o TCU havia recomendado ao Congresso a imediata paralisação de três grandes obras da estatal – a construção das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas, no Paraná, e do terminal do porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo. Costa mandou um e-mail para a Casa Civil lembrando que, em anos anteriores, houve “solução política” para contornar as decisões do TCU e da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional.”

O ex-diretor de Abastecimento negou que o objetivo do alerta à Casa Civil, na ocasião, seria o de continuar com o esquema de corrupção, conforme relatado pela Veja. Ele disse que a revista “deturpou um pouco” o e-mail e que na época já estava “enojado com esse processo todo” que envolvia a Petrobras. Por isso, disse, fez o aviso assim como nos anos anteriores. “Fiz este alerta que estava me enojando, não foi nenhuma alerta para continuar esse processo”, afirmou.

Paulo Roberto Costa também recusou que estivesse quebrando a hierarquia na estatal. Segundo Costa, o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, foi informado de que ele iria remeter a correspondência eletrônica à Casa Civil. Após as declarações de Costa, a oposição anunciou que vai apresentar um requerimento de convocação de Erenice Guerra, ex-braço-direito de Dilma na Casa Civil.

Pasadena

Costa também afirmou que considera um “erro” eximir o Conselho de Administração da estatal de responsabilidade pela compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), 2006. O conselho era presidido, na época da compra da primeira metade da refinaria, pela então ministra-chefe da Casa Civil e hoje presidente reeleita Dilma Rousseff. “A Diretoria da Petrobras não tem autonomia para compra de um ativo de Pasadena. Então eximir Conselho de Administração pela compra de Pasadena é um erro”, afirmou Costa, em acareação na CPI mista da estatal.

Segundo Costa, a participação dele em Pasadena foi “indireta”. Ele chegou a defender Cerveró – a quem acusou em delação premiada de receber propina pela operação – de responsabilidade final sobre a compra de Pasadena. “Queria colocar novamente e afirmar o que o Nestor colocou: a responsabilidade final para aprovar uma compra é 100% do Conselho de Administração”, destacou. Pouco antes, Cerveró concordou quando foi perguntado sobre se a responsabilidade da compra de Pasadena é, em última instância, do conselho e não da diretoria – da qual fazia parte. “É, sim”, disse.