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Covid-19: Jovens de 18 e 34 já são maioria dos infectados em SP

Jovens de 18 a 34 anos são maioria dos infectados pelo novo coronavírus na cidade…

Jovens de 18 a 34 anos são maioria dos infectados pelo novo coronavírus na cidade de São Paulo, indica inquérito sorológico da prefeitura. O estudo estimou que 1,3 milhão de pessoas, ou 10, 9% da população da cidade, foram infectadas.

A etapa atual do estudo colheu 5.760 testes nos últimos 15 dias. Nas três primeiras etapas do estudo, a faixa etária correspondia a 8,7%, 10% e 12,6% do total de infectados. Hoje são 17,7% do total e tem 2,6 vezes mais chances de contrair a doença do que os idosos. O aumento atual levou o prefeito de São Paulo Bruno Covas (PSDB) a emitir alerta em entrevista nesta quinta-feira:

— Preciso ressaltar a importância da conscientização de nossos jovens. Volta e meia verificamos a existência de festas irregulares. É claro que essa é a principal faixa etária que tem saído de casa para trabalhar, mas precisamos relembrar a responsabilidade dos nossos jovens com a saúde dos idosos e aqueles que estão em maior vulnerabilidade — disse Covas.

A prevalência da doença segue maior também nas periferias leste e sul da cidade e nas classes D e E (14,3%), até três vezes maior do que na A e B (4,7%). Os pretos e pardos tem incidência 82% maior do que entre os brancos. E aqueles que tem apenas Ensino Médio tem até três vezes mais a doença do que aqueles com Ensino Superior.

O estudo tem oito fases realizadas quinzenalmente com moradores acima de 18 anos, cujas casas são sorteadas pela Prefeitura. O sorteio abrange toda a área coberta pelas 472 Unidades Básicas de Saúde da cidade e o sangue é coletado após o morador concordar em participar da pesquisa. A amostra é então encaminhada para análise em laboratório vinculado à Secretaria Municipal da Saúde. O objetivo é realizar até 45 mil testes.

A primeira etapa, chamada de fase zero, foi divulgada em 23 de junho e contou com 5.416 testes sorológicos em 96 distritos, que mostraram total de 1,2 milhão de infectados ou 9,5% da população. O número de infectados era aproximadamente 10 vezes maior do que os números oficiais, indicando alta subnotificação. A taxa de letalidade era de 0,5% e a doença atingia principalmente pessoas entre 35 a 49 anos (12,2%).

Na segunda etapa, divulgada em 9 de julho, o número total de infectados seria de 1,2 milhão de pessoas, ou 9,8% da população e a principal população atingida possuía entre 50 a 64 anos (12,4%).

Na terceira etapa, divulgada em 28 de julho, o número de pessoas que já teve contato com o vírus passou para 1,32 milhão de pessoas, ou seja, 11,1% da população do município, com maior prevalência em idosos de 65 anos ou mais (13,9%).

Em todas as etapas, exceto a terceira, a incidência nesta faixa etária de idosos era a menor observada entre toda a população. Os pesquisadores atribuem a alta da doença entre idosos observada naquela etapa a um desvio metodológico causado pela maior testagem desse grupo na região centro-oeste. O erro foi corrigido.

Na quarta e atual etapa, com testes colhidos nos últimos 15 dias, a incidência decresce conforme aumenta a idade: 17,7% de infectados tem entre 18 a 34 anos; 10,6% entre 35 a 49; 7,7% entre 50 a 64 e 6,8% possuem 65 anos ou mais. Embora seja o grupo com menor incidência da doença, dados do governo estadual mostram que a doença é mais letal em idosos. A maioria dos mortos no estado têm entre 70 e 79 anos.

O estudo tem taxa de confiança de 96% e amostra é representativa da população da cidade. A variação entre 9% e 11% da taxa total de incidência da doença na população leva a Prefeitura a falar em estabilidade das infecções:

— São números que indicam estabilidade apesar de dois meses de reabertura das atividades, se considerarmos o intervalo de confiança de cerca de 1 ponto percentual —  disse Covas.

No Rio, dados de julho indicaram também maior prevalência da doença entre adultos jovens, na faixa de 30 e 39 anos (23,9%). A estatística indica mudança no perfil da doença, que começou atingindo mais a população idosa e, após a reabertura e retomada de atividades presenciais, está mais ativa entre a população jovem.

O Secretário de Saúde da cidade de São Paulo Edson Aparecido não compareceu à coletiva por suspeita de Covid-19. Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) e sua esposa, Bia Doria, testaram positivo para a doença.