EPIs

Covid-19: SP tem maior número de queixas de falta de equipamentos

Médicos dizem que faltam insumos como luvas, máscaras e álcool em gel

Procon Goiás notifica 29 indústrias por fabricar álcool em gel com teor abaixo do mínimo permitido pela Anvisa - (Foto: Reprodução)

O estado de São Paulo concentra o maior número de denúncias recebidas pela Associação Médica Brasileira (AMB) sobre a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais da saúde que estão na linha de frente contra o novo coronavírus.

São 900 denúncias no estado, em 109 municípios paulistas. Em todo o Brasil, a entidade recebeu 2.622 queixas, em 539 municípios. Só a capital paulista teve 276 reclamações.

O vice-presidente da AMB Diogo Leite Sampaio avalia que o uso dos equipamentos de proteção individual pelos profissionais de saúde é fundamental para o atendimento do paciente com suspeita ou caso confirmado de covid-19, já que eles podem se contaminar durante o atendimento nas unidades de saúde.

“A partir do momento em que ele se contaminar, pode transmitir para outros pacientes, então esse profissional de saúde que ficou contaminado acaba sendo um vetor de transmissão, pode transmitir para outros colegas dentro da própria unidade de saúde, para outras unidades de saúde em que ele trabalha e para a própria família”, disse Sampaio.

Ele acrescentou que, se o profissional for contaminando por pacientes que estejam com a covid-19, ele deverá ser isolado por no mínimo 14 dias e vai sair da linha de atendimento, neste momento em que a demanda cresceu. “Então, por conta disso, não existe a possibilidade que o médico não tenha um equipamento de proteção individual para poder tratar esses pacientes”.

Considerando os dados de todo o país, 87% das denúncias relatam falta de máscaras tipo N95 ou PFF2, que têm melhor vedação que as máscaras cirúrgicas; 72% relatam falta de óculos ou face shield, um protetor facial transparente; 66% de capote impermeável, um tipo de avental; 46% de gorros; 28% de álcool gel 70%; e 13% registram falta de luvas. Cada denúncia pode relatar a falta de mais de um material. Em 72,7% das denúncias, faltam ao menos três tipos de material, podendo chegar a sete tipos de equipamentos em falta.

Desde o dia 19 de março, a associação disponibilizou uma plataforma específica para recebimento de denúncias sobre a falta de EPIs para os profissionais da saúde, garantindo o anonimato do autor da reclamação para evitar represálias. A partir dos relatos recebidos, a AMB comunica os estabelecimentos apontados na denúncia, pede esclarecimentos e atualização das informações, além de notificar o Ministério da Saúde, o Conselho Regional de Medicina (CRM), as Secretarias de Saúde Municipal e Estadual, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério Público.

“A gente está mandando também para a unidade [de saúde] dizendo que aquela unidade recebeu a denúncia de que faltam esses equipamentos. O que a gente tem percebido é que muitas unidades começaram depois dessa denúncia a providenciar os equipamentos. Então acho que é um ponto positivo desse movimento”, avaliou Sampaio.

Os estabelecimentos que informarem a solução dos problemas serão retirados da lista divulgada no site da associação, que apresenta detalhes sobre os EPIs que faltam em cada local.

Afastamento de profissionais da saúde

Os sistemas de saúde público e particular do estado de São Paulo tiveram de afastar, desde fevereiro, mais de 600 profissionais devido à suspeita ou a confirmação da infecção pelo novo coronavírus nos funcionários.

Segundo levantamento do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), ao menos 190 funcionários do sistema público municipal de São Paulo foram afastados, desde o último dia 15, em razão da suspeita do novo coronavírus. O Hospital Municipal Doutor Carmino Caricchio, no Tatuapé, na zona Leste, se destaca, com 45 afastamentos.

Na rede privada, dois dos mais importantes hospitais do estado removeram, desde fevereiro, mais de 450 profissionais diagnosticados com o coronavírus. O Hospital Sírio-Libanês afastou 104 funcionários. Já o Hospital Albert Einstein teve de remover 348 dos 15 mil colaboradores (2%), diagnosticados com a doença.