Cozinheira sofreu abuso sexual antes de ser asfixiada, revela laudo
Principal suspeito do crime é o cuidador de idosos que havia sido contratado há dois meses pelos patrões da vítima
A empregada doméstica Gilmara da Almeida da Silva, de 45 anos, morta no último dia 30 – após ser espancada na casa dos patrões na Freguesia, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio – foi abusada sexualmente antes de ser asfixiada. A informação consta no relatório do Instituto Médico-Legal (IML), que está com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Ainda segundo o documento, a mulher teve escoriações nas pernas e no braço. A família já está em posse do documento.
— A minha mulher, antes de ser morta, foi estuprada. Acabamos de pegar o laudo — disse, desorientado, o viúvo Franscesvalter Alves da Silva.
O principal suspeito do crime é o cuidador de idosos que havia sido contratado há dois meses pelos patrões da vítima. Cláudio André Silva Antônio, de 40 anos, foi preso nesta segunda-feira, quando prestava depoimento na Delegacia de Homicídios.
Segundo a delegada Bianca Gebara Grune, da DHC, foram encontrados vestígios de sêmen no corpo da vítima. Os investigadores farão um confronto do material encontrado no corpo da mulher. De acordo com Bianca, Gilmara foi socorrida por pessoas da casa onde estava, mas já chegou morta ao hospital.
— Material genético foi colhido da vítima para possíveis confrontos posteriormente — destacou a investigadora.
O crime foi cometido, segundo a DHC, por uma pessoa que estava na casa no momento do crime.
— A morte foi causada por um desentendimento entre a vítima e o suspeito — disse Bianca, que não quis explicar que tipo de desavença ambos tiveram.
A Polícia Civil confirmou que Gilmara estava com diversos hematomas pelo corpo. O acusado foi preso temporariamente após decisão do Plantão Judiciário. A polícia trabalha com a hipótese de que outra pessoa tenha participado do crime.
— Ela relatava que tinha desavenças. Ele atrapalhava o serviço dela e maltratava a idosa. No entanto, ele nunca agrediu a minha mãe. A minha mãe não se sentia ameaçada, porque nunca foi algo tão grave. Não sei o que o levou a matar a minha mãe. Agora, descobrimos que minha mãe foi estuprada — disse uma das filhas de Gilmara, Milena de Almeida, 20, operadora de caixa.
Milena diz que a família acredita que há outras pessoas envolvidas no crime:
— Ninguém de lá nos ajudou na morte da minha mãe. Minha mãe foi violentada e morta dentro daquela casa e ninguém veio nos dar apoio. Em todo o momento, a família ficou do lado do Cláudio. Eles ligaram para o meu pai dizendo que a minha mãe havia passado mal e batido a cabeça. Foi a médica que disse que a minha me estava com diversas agressões e chamou a polícia. Os policiais falaram com o Cláudio e os filhos da patroa.
Milena contou que a relação da mãe com a patroa idosa era de carinho e respeito.
— A única coisa que eles falaram (filhos da idosa) é que o pai deles também havia morrido. Mas a minha mãe foi assassinada. Eles mentiram dizendo que ligaram para o Corpo de Bombeiros.
Gilmara estava no Rio há 27 anos
Quinta filha de 14 irmãos, Gilmara estava no Rio há mais de 27 anos. Oriunda de Ilhéus, na Bahia, e mãe de duas filhas, a empregada doméstica havia acabado de comprar um apartamento na Gardênia há pouco mais de um ano e estava feliz porque estava mobiliando aos poucos a residência.
Seu sonho era ser avó. No dia 1º de agosto Gilmara iria pintar, com a ajuda de um cunhado, o quarto da criança. A desempregada Maria Santos de Almeida Silva, 53, irmã mais velha da vítima, confrmou que Gilmara tinha um relacionamento bem complicado com o cuidador que estava na casa dos patrões idosos. Momentos antes da morte, Maria havia falado com a irmã pelo telefone.
— Antes do crime, ela me ligou para combinar que o meu esposo iria colocar a televisão dela no sábado. Ela estava muito felIz pelos armários, por ser avó. O meu irmão iria pintar o quarto, e no dia ainda perguntei sobre os patrões — contou.
— Nós nos falamos por 30 minutos. Naquele dia, ela ainda me falou que havia tirado fotos da perna da patroa dela porque esse cuidador a estava maltratando. Uma vez, durante um curativo, ele chegou a tirar sangue da perna dela. Como a minha irmã a amava muito, brigou com ele pela situação. Ela se sentia incomodada — lembrou Maria.
Segundo ela, minutos após a ligação, ela recebeu um telefonema dos filhos dos patrões avisando que a mulher havia caído e batido a cabeça no chão:
— Foi o próprio cuidador e os filhos dos patrões que a levaram para o Hospital Federal Cardoso Fontes. Segundo eles, para a família, o Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer a minha irmã. No entanto, teria demorado muito e eles resolveram socorrer. No entanto, era mentira. Os investigadores falaram para a gente que não houve pedido de socorro feito aos bombeiros — conta Gilmar Santos, 46, outro irmão da vítima.
Ainda segundo Gilmar, a desavença entre ambos já ocorria havia dois meses.
— A minha irmã não merecia isso. Estava vivendo um momento muito bom. Havia acabado de comprar a casa, seria avó. Não merecia o que fizeram com ela.