CPI fez PF acelerar operação que mira supostas fraudes na gestão de Barros na Saúde
Um dos argumentos utilizados pela Polícia Federal para pedir busca e apreensão contra ex-funcionários do…
Um dos argumentos utilizados pela Polícia Federal para pedir busca e apreensão contra ex-funcionários do Ministério da Saúde envolvidos na compra supostamente fraudulenta de medicamentos de alto custo foi a CPI da Covid.
As aquisições foram efetuadas entre 2016 e 2018, quando o atual líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), era ministro da Saúde. As compras teriam causado um prejuízo de cerca de R$ 20 mihões pela falta de entrega dos medicamentos.
Segundo a PF, a exposição pela CPI de servidores que prestaram depoimento na investigação, entre eles Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado Luis Miranda (DEM-DF), poderia comprometer a preservação de provas.
“As revelações da CPI da Pandemia efetuadas por um dos servidores do Ministério da Saúde ouvidos neste inquérito, Luís Ricardo Miranda, passaram a receber contínua exposição na mídia, fato que colocaria em risco a preservação das provas que ainda possam existir”, diz trecho da decisão do juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal em Brasília.
A PF cumpriu 15 mandados de busca na terça (21) para aprofundar a investigação sobre a compra dos medicamentos Aldurazyme, Fabrazyme, Myozyme, Elaprase e Soliris/Eculizumabe. Uma das suspeitas é que os problemas na entrega teriam causado a morte de 14 pacientes.
A investigação da PF mira a Global Gestão em Saúde, sócia da Precisa Medicamentos, que também é alvo da CPI por irregularidades nas negociações para a compra da vacina Covaxin.
A Global assinou o contrato para a venda de medicamentos de alto custo ao governo federal, diz a PF, mesmo sem ter autorização da fabricante para comercializar os produtos.
A PF recolheu indícios de que as compras não foram canceladas mesmo após denúncias de irregularidades feitas por servidores e pagamentos antecipados à Global foram efetuados mediante pressão do diretor de Logística à época, Davidson Tolentino, e do então ministro Ricardo Barros.
Após a operação da PF, Ricardo Barros afirmou por meio de nota que não “se comprovará qualquer irregularidade” em sua gestão no Ministério da Saúde e que as compras foram feitas dentro das regras e tiveram decisões favoráveis na Justiça.
A Global, por meio de seus advogados, disse que a operação da PF reproduz o modus operandi da Lava Jato “ao usurpar competência do Supremo Tribunal Federal” e ”investigar fatos antigos” com o “objetivo de conseguir os holofotes da imprensa”.