Criança de 1 ano morre por “ameba comedora de cérebro” no Ceará
Caso raro é segundo registrado no País
O Ministério da Saúde e a secretaria de Saúde do Ceará confirmaram a morte de uma criança de 1 ano e 3 meses, moradora de um assentamento rural em Caucaia, região metropolitana de Fortaleza, em decorrência da “ameba comedora de cérebro”. Trata-se de um caso raro de meningoencefalite amebiana primária, provocada pela Naegleria fowleri.
A morte ocorreu em 19 de setembro, mas ainda estavam pendentes exames laboratoriais e de necrópsia, que confirmaram a presença do protozoário. Os sintomas – febre, irritação e vômito – começaram uma semana antes do óbito e evoluíram para complicações neurológicas graves.
Conforme a literatura médica, a “ameba comedora de cérebro” entra pelas narinas, atinge o cérebro pelo nervo olfatório e causa danos fatais. É o segundo caso registrado no Brasil. O primeiro aconteceu na década de 1970, em São Paulo.
Para a Secretaria de Saúde, a infecção ocorreu durante um banho em um açude, perto da casa dela. “Ao saber que a criança nunca tinha se banhado no açude, a primeira hipótese é de que ela adquiriu a ameba no banho doméstico, na própria casa. Foi feita uma investigação e nós identificamos que a água que abastecia a casa vinha do açude, passava por um tratamento, mas não era adequada”, disse o secretário executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, Antônio Lima Neto.
Ameba comedora de cérebro
A Naegleria fowleri, é um organismo unicelular de vida livre responsável pela meningoencefalite amebiana primária, ou seja, uma inflamação cerebral de rápida progressão. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA explica que a infecção mata mais de 97% das pessoas que a contraem. De 154 indivíduos infectados conhecidos nos Estados Unidos de 1962 a 2021, apenas quatro sobreviveram.
O CDC disse que a “ameba comedora de cérebro” normalmente vive em corpos quentes de água doce, como lagos, rios e fontes termais. Também é provável que ela seja encontrada em sedimentos no fundo de lagos, lagoas e rios. Sendo assim, a agência desaconselha cavar ou mexer no solo em água doce, rasa e quente.
É extremamente raro encontrar Naegleria fowleri em piscinas, parques de surf ou outros locais recreativos, mas é possível se eles forem mal conservados ou não tiverem cloro suficiente.