Violência

Criança e mulher morrem em tiroteio no Complexo do Alemão, no Rio

Segundo coletivos locais, a criança teria dois anos e teria sido atingida por um tiro na cabeça. Pelo menos outras três pessoas, incluindo a mãe da criança, ficaram feridas

Uma criança e uma mulher morreram durante um tiroteio no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na noite desta sexta-feira (16). Pelo menos outras três pessoas, incluindo a mãe da criança, ficaram feridas.

“Um jeep branco estava com quatro marginais de fuzis, quatro fuzis. Ao avistarem viatura, efetuaram disparo contra a guarnição”, afirmou ao UOL o major Ivan Blaz, porta-voz oficial da PM (Polícia Militar). Segundo a GloboNews, um homem também teria morrido ao chegar ao hospital, informação não confirmada pela PM.

Segundo coletivos locais, a criança teria dois anos e teria sido atingida por um tiro na cabeça. A informação também não foi confirmada por Blaz.

Segundo o major, a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Alemão, para onde foram levados os feridos, está sendo depredada após a notícia das mortes.

A PM informou que a avenida Itaoca, próxima ao local do tiroteio, está fechada por causa do confronto entre policiais militares e os criminosos. Ainda segundo a PM, o Batalhão de Choque também está indo para o local.

O tiroteio seguido de mortes ocorre dois dias após o assassinato a tiros da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Intervenção

As mortes ocorrem na data em que a intervenção federal na segurança pública do estado completa um mês. A medida, inédita, foi anunciada pelo presidente Michel Temer (MDB) em 16 de fevereiro, com o apoio do governador Luiz Fernando Pezão, também do MDB.

Temer nomeou como interventor o general do Exército Walter Braga Netto. Ele, na prática, é o chefe dos forças de segurança do Estado, como se acumulasse a Secretaria da Segurança Pública e a de Administração Penitenciária, com PM, Civil, bombeiros e agentes carcerários sob o seu comando.

O Rio de Janeiro passa por uma grave crise política e econômica, com reflexos diretos na segurança pública. Desde junho de 2016, o Estado está em situação de calamidade pública e conta com o auxílio das Forças Armadas desde setembro do ano passado.

Não há recursos para pagar servidores e para contratar PMs aprovados em concurso. Policiais trabalham com armamento obsoleto e sem combustível para o carro das corporações. Faltam equipamentos como coletes e munição.

A falta de estrutura atinge em cheio o moral da tropa policial e torna os agentes vítimas da criminalidade. Somente no ano passado 134 policiais militares foram assassinados no estado.

Policiais, porém, também estão matando mais. Após uma queda de 2007 a 2013, o número de homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial está de volta a patamares anteriores à gestão de José Mariano Beltrame na Secretaria de Segurança (2007-2016). Em 2017, 1.124 pessoas foram mortas pela polícia.

Em meio à crise, a política de Unidades de Polícia Pacificadora ruiu -estudo da PM cita 13 confrontos em áreas com UPP em 2011, contra 1.555 em 2016. Nesse vácuo, o número de confrontos entre grupos criminosos aumentou.

Apesar da escalada de violência no Rio, que atingiu uma taxa de mortes violentas de 40 por 100 mil habitantes no ano passado, há outros Estados com patamares ainda piores.

No Atlas da Violência 2017, com dados até 2015, Rio tinha taxa de 30,6 homicídios para cada 100 mil habitantes, contra 58,1 de Sergipe, 52,3 de Alagoas e 46,7 do Ceará, por exemplo.