Criança morta pela madrasta e mãe no RJ era obrigada a comer comida estragada
Surra começou porque criança bebeu de caixa de leite; segundo testemunha, ela estava 'desesperada de fome'
Investigações da 100ª DP (Porto Real) revelam a rotina de fome, castigos e surras enfrentada pela pequena Ketelen Vitória Oliveira da Rocha, de 6 anos, que morreu no último sábado em um hospital de Resende, no Sul Fluminense. A mãe da menina, Gilmara Oliveira de Farias, de 27 anos, e a namorada dela, Brena Luane Barbosa Nunes, de 25, confessaram que a vítima foi agredida pelo casal repetidamente no fim de semana anterior ao óbito na casa onde todas moravam, no bairro Jardim das Acácias, em Porto Real, cidade vizinha a Resende.
A menina foi espancada por quatro vezes, entre o dias 16 e 18 de abril. Numa das ocasiões, foi chicoteada com um cabo de TV e, após levar chutes na barriga, teve a cabeça batida contra uma parede até desmaiar.
Entre os castigos enfrentados rotineiramente pela criança, segundo um dos depoimentos colhidos, estavam a obrigatoriedade de se alimentar com comida estragada e de comer pães mofados. A Policia Civil já descobriu que Ketelen começou a ser surrada, no dia 16, por ter bebido de uma caixa de leite que acabou caindo no chão. Segundo Rosângela Nunes, mãe de Brena, que também vivia na casa, a criança tomou o leite porque estava “desesperada de fome”, já que se alimentava basicamente de café e farinha.
A primeira agressão aconteceu por volta das 19h, quando a menina foi atirada pela madrasta de um barranco de 7 metros, situado atrás da residência da família. Em seu depoimento, Brena alegou ter agido assim a mando de Gilmara. Quatro horas depois, Ketelen foi chicoteada com um fio de tv, pisoteada e jogada contra uma parede.
A mãe da criança culpou a namorada pela surra e admitiu ter participado do episódio com chicotadas e tapas no rosto da menina. Na noite do dia 17, as agressões recomeçaram por volta das 20h. A menina estava no quarto e, como ainda não havia adormecido, foi agredida com chicotadas, chutes e teve a cabeça jogada contra a parede até desmaiar.
Na noite do dia 18, ocorreu a última agressão. Segundo a investigação, Ketelen foi agredida com chutes e socos até sangrar. Gilmara diz que a agressão foi praticada por Brena. Esta, por sua vez, culpou a mãe da criança.
Na madrugada do dia 19, Rosângela avisou à namorada de Brenda, mãe da menina, que a criança estava passando mal. Ketelen, no entanto, só foi levada para um hospital por volta das 9h. Para a polícia, a mãe da menina alegou que sua namorada a trancou no quarto e só abriu a porta após o horário mencionado. Ketelen foi sepultada no domingo, no cemitério municipal de Japeri, na Baixada Fluminense.