DPCA

Crianças buscaram e cumpriram desafios do “Baleia Azul” de forma espontânea, conclui Polícia Civil

Duas meninas e um menino, com idades entre 11 e 12 anos, foram ouvidos pela DPCA e afirmaram que realizaram por conta própria algumas das tarefas previstas pelo jogo

A delegada Paula Meotti, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), concluiu nesta quinta-feira (4) o inquérito referente ao polêmico “jogo” da Baleia Azul que estaria se difundindo entre crianças em Goiânia. De acordo com a policial, os quatro jovens ouvidos atestaram que cumpriram alguns dos desafios do jogo de forma espontânea, sem a orientação ou imposição de nenhum dos chamados “administradores”. Por isso, não houve responsabilização.

Conforme Paula, o caso chegou à delegacia por meio da Guarda Civil Metropolitana (GCM), que compareceu a uma escola particular para apurar outro tipo de ocorrência. “Lá eles foram informados por estudantes que alguns colegas estavam brincando nesse jogo e trouxeram essas crianças para cá”, conta.

O Baleia Azul consiste em uma lista com 50 desafios progressivos que se difundiu pela Internet. Conforme as regras, os jogadores devem buscar uma pessoa que especifiquem tarefas para cada dia – os chamados administradores que, segundo relatos, ameaçariam os familiares daqueles que desobedecessem às regras. Entre as exigências listadas está ficar incomunicável por 24 horas, assistir filmes de terror, cortar os braços com lâminas e outros. Apesar da repercussão do caso, não há evidências concretas de que realmente existam administradores para o jogo.

Dentre as quatro crianças ouvidas, todas entre 11 e 12 anos, três delas haviam feito marcas nos braços referentes aos desafios do Baleia Azul. Apesar disso, elas afirmaram que cumpriram alguns dos procedimentos do jogo de forma aleatória e espontânea, sem a intervenção de terceiros.

“No decorrer das investigações tivemos conhecimento que um deles descobriu o Baleia Azul pelo YouTube, por meio de um vídeo que criticava o jogo. Outra, por mensagem de texto no WhatsApp. E isso se difundiu entre eles”, conta a delegada. Ela ressalta que, apesar de algumas terem feito cortes no próprio corpo e ter assistido filmes de terror, as crianças declararam que não tinham interesse de levar os desafios adiante, muito menos de cometer suicídio – o desafio final do Baleia Azul. “Elas foram motivadas por curiosidade juvenil. Ouviram falar de algo estranho, diferente, que estava todo mundo comentando, e foram atrás”, diz.

Como as crianças tiveram acesso ao jogo e cumpriram alguns de seus desafios de forma espontânea, o inquérito foi encerrado sem que ninguém fosse responsabilizado. Apesar disso, Paula orienta que casos de suspeita devem ser encaminhados à DPCA para averiguação.