Petrobras

Crise na Petrobras afeta grupos no Açu

O presidente do sindicato, João Cunha, atribuiu as demissões a um ajuste imposto pela Petrobras aos estaleiros.

O estremecimento das relações da Petrobras com as empreiteiras chegou ao consórcio Integra Offshore, instalado no Terminal 2 do Porto do Açu. Formado por OSX e Mendes Junior, ele tem contrato para construir e integrar módulos de duas plataformas da estatal. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Campos, São João da Barra e Quissamã, desde o fim do ano passado a Integra dispensou mais de 500 trabalhadores, mantendo apenas 150.

O presidente do sindicato, João Cunha, atribuiu as demissões a um ajuste imposto pela Petrobras aos estaleiros. A estatal estaria fazendo um inventário para identificar pagamentos de funcionários, serviços executados e materiais disponíveis em suas encomendas. O objetivo seria segurar custos.

No Açu é possível ver o avanço das estruturas de uma das plataformas, mas o movimento de caminhões e pessoal no canteiro é fraco. Segundo fontes, houve protestos. A Integra confirmou que, em dezembro, “foram desmobilizados 122 colaboradores e mantidos no seu efetivo aproximadamente 540 pessoas”.

A Mendes Junior é uma das 23 empresas que tiveram contratos futuros com a Petrobras bloqueados por causa das denúncias da Operação Lava Jato e estaria na iminência de pedir socorro à Justiça. A situação financeira de sua sócia na Integra, a empresa de construção naval OSX, não é melhor. A companhia fundada por Eike Batista já está em recuperação judicial e tem uma dívida bilionária. Operários temem que as empresas desistam do projeto.

A Petrobras não recebeu um pedido de mudanças na composição do consórcio ou cessão do contrato. A estatal afirma que “não fez quaisquer solicitações para redução de gastos, paralisação de atividades ou dispensa de funcionários”.

Segundo a empresa, os módulos da plataforma P-67 estão em estágio avançado, mas o prazo de entrega, previsto para 2016, será reavaliado após a rescisão do contrato de módulos de compressão. A Integra ainda poderia construir módulos para uma terceira plataforma, mas a opção não foi exercida pela Petrobras.

Esqueleto

O consórcio fica em uma área dentro dos 3,2 quilômetros quadrados alugados à OSX no Açu. No lugar do que seria o maior estaleiro do País, entretanto, há apenas um esqueleto metálico enferrujando. Negociar o aluguel do espaço para outras empresas é um dos desafios da Prumo em 2015.

A dona do Açu foi incumbida de realocar a área no plano de recuperação judicial da OSX, de quem tem a receber créditos de até R$ 600 milhões. A expectativa é que meia dúzia de empresas ocupem o espaço, pagando ao menos R$ 80 por metro quadrado.

Em 2015, também é esperado o avanço do projeto de construção de uma base offshore para a Petrobras pela americana Edison Chouest considerada a porta de entrada da estatal no Açu. A empresa era apontada como vencedora da licitação de seis berços para atender às bacias de Campos e do Espírito Santo, mas a prefeitura de Macaé obteve a suspensão da concorrência na Justiça.

Segundo a Petrobras, a licitação foi retomada em dezembro por decisão da 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio. “A Petrobras está em fase final de discussão das condições comerciais do contrato com o Grupo Edison Chouest Offshore, detentor da melhor proposta recebida”, informou ao jornal O Estado de S. Paulo.

Acesso

Entre os nós que a Prumo precisa desatar está ainda a melhora do acesso logístico ao porto, hoje restrito a caminhões que chegam pela BR-101 e outras três rodovias. A empresa tem um terminal multicargas prestes a entrar em operação e negocia criar um terminal destinado ao embarque de soja. O acesso ferroviário ao Açu daria maior eficiência e rentabilidade aos terminais.

A Prumo conta com a licitação de dois trechos de ferrovias previstos no Programa de Investimentos em Logística (PIL) do governo federal: a EF118, que ligará Vitória e Rio; e a ferrovia que vai conectar Anápolis (GO), passando por Minas Gerais, a Campos dos Goytacazes, cidade a 43 Km do Porto do Açu.

Em 2013, os governos do Rio de Janeiro e do Espírito Santo fizeram um convênio para desenvolver juntos o projeto de engenharia da EF118, já entregue ao governo federal. Segundo o secretário estadual de Transportes do Rio, Carlos Osorio, ainda não está definido se atores privados como o Porto Central, no Espírito Santo, e o Açu, no Rio, terão de arcar com custos como a construção de ramais ferroviários que farão sua ligação com a ferrovia.

“Os portos aumentam o volume potencial de carga transportada pela ferrovia, enquanto a ferrovia firmaria esses portos como entrepostos logísticos. O Açu já é uma realidade mas uma ferrovia seria um grande impulso”, diz Osorio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.