Especial

Crônicas de Resistência

O olhar de quem viveu a ocupação e a desocupação do Parque Oeste Industrial

Crônica de Resistência

Em maio de 2004, diversas famílias ocuparam uma área localizada no Parque Oeste Industrial, em Goiânia. Em pouco tempo, a paisagem composta apenas por mato dava espaço a milhares de barracas feitas de tábuas e lonas. No meio delas, também havia construções de tijolo e concreto. Tudo isso pela luta de moradia própria. Vários discursos e promessas de políticos foram feitas às famílias que ali moravam, mas tudo mudou após o período eleitoral municipal daquele ano. Resistência é a palavra que define a história desses ocupantes. E foi assim, até fevereiro de 2005, quando famílias inteiras, com mulheres, crianças e idosos foram retirados a força da área por policiais militares.

Oficialmente, segundo o Governo Estadual, apenas duas pessoas morreram em decorrência das operações de desocupação. Em contrapartida, os que ali estiveram não acreditam nesses dados e afirmam que muitas pessoas foram enterradas em cidades da Região Metropolitanas como indigentes. Outros teriam sido jogados em cisternas da própria ocupação.

Depois de desalojadas, as famílias foram abrigadas nos ginásios do Novo Horizonte e Capuava. Mais mortes foram registradas em razão das condições insalubres e desumanas a que essas pessoas foram submetidas. Algumas optaram por participar de uma ocupação no Setor Grajaú. Apenas dois anos depois, essas famílias voltaram a ter as esperanças fortalecidas com a entrega das primeiras casas do Residencial Real Conquista: era o sonho da casa própria que, enfim, se tornaria real.

Diante desse cenário, que mudou a história de Goiânia e das regras habitacionais na cidade, o Mais Goiás apresenta crônicas que revelam o olhar das pessoas que fizeram parte da ocupação e desocupação violenta do Parque Oeste. Neste 16 de fevereiro, se completam 15 anos desde que as famílias foram retiradas de lá.

Para a segurança dos personagens que gentilmente compartilharam as lembranças com este repórter, nenhum nome será divulgado. 15 anos depois, essas pessoas ainda temem sofrer algum tipo de represália. Mesmo depois de já terem conquistado, oficialmente e documentado, o direito à moradia digna na capital goiana.

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