Datafolha: Maioria diz querer evitar reunião com pessoas de fora de casa no fim de ano

Mesmo com a melhora nos números da pandemia de coronavírus, a maioria dos brasileiros diz que…

Exagerou na ceia? Veja como compensar a comilança nas festas de fim de ano (Foto: Pixabay)

Mesmo com a melhora nos números da pandemia de coronavírus, a maioria dos brasileiros diz que deve evitar viajar e se reunir com pessoas de fora de casa nas festas de fim de ano. Segundo pesquisa Datafolha, 62% declaram que não pretendem se reunir com moradores de outros domicílios no Natal e Réveillon.

Embora minoritária, a disposição de festejar com pessoas de fora da residência é consideravelmente maior do que a de um ano atrás —ela é declarada por 38% dos entrevistados ante 25% na comparação com a pesquisa Datafolha de dezembro de 2020.

Naquele momento, o número de mortes por Covid aumentava rapidamente, com média móvel semanal de mais de 700 óbitos, e o pior momento da pandemia do país ainda estava por vir.

Atualmente, a média móvel de mortes está em queda, no patamar de 130. Mesmo com a ressalva de que os dados deste mês estão afetados pelo ataque hacker ocorrido nos sistemas governamentais, a cobertura vacinal de mais de dois terços da população com imunização completa transmite maior segurança do que a situação do Natal e no Réveillon de 2020, quando ninguém estava imunizado no país.

​Primeira brasileira a ser vacinada contra a Covid no país, a enfermeira Mônica Calazans só recebeu a injeção no braço em janeiro de 2021. Agora, a proteção com duas doses ou dose única é, segundo especialistas, pré-requisito para os encontros de fim de ano.

Embora a circulação do coronavírus tenha dado sinais de arrefecimento no país, a presença da variante ômicron e de uma cepa de gripe não coberta pela vacina deste ano, a H3N2, aumentam a preocupação com os eventos.

A conjuntura levou cidades como São Paulo, sob gestão Ricardo Nunes (MDB), a cancelar a festa de Réveillon. No Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) anunciou o cancelamento da festa após orientação do comitê de especialistas do estado, mas voltou atrás e manteve a queima de fogos em dez pontos da cidade, como Copacabana.

Como a imunização não elimina 100% a chance de transmissão, embora a reduza, é preciso atenção a medidas adicionais de precaução para quem for a eventos públicos ou privados. Comemorar em lugares ventilados e com máscara na maior parte do tempo também são importantes para se prevenir tanto contra o coronavírus como contra a gripe H3N2.

A realização de um teste rápido antes de eventual encontro pode oferecer ainda uma camada adicional de proteção. Mesmo com a circulação do coronavírus e do H3N2, quase 1 em cada 4 entrevistados pelo Datafolha (24%) diz que pretende viajar no fim do ano para passar festas com a família, visitar parentes ou ir a algum local a lazer.

No ano passado, o índice ficava em 15%. A disposição de viajar é consideravelmente maior entre homens (28% contra 20% das mulheres), jovens (33% da faixa de 16 a 24 anos) e pessoas com renda familiar mensal acima de dez salários mínimos (46%).

Em relação à intenção de passar as festas com pessoas de fora do domicílio, uma das maiores diferenças aparece quando se observa o nível socioeconômico. Apenas 30% daqueles com renda até dois salários pretendem encontrar moradores de outros lares, índice que sobe para 45%, 49% e 50% nos demais segmentos (respectivamente os de de 2 a 5 salários mínimos, de 5 a 10 e mais de 10).

Outros indicadores reforçam a constatação de que passar as festas de fim de ano com amigos e familiares é privilégio de quem não sente fome. Enquanto 49% daqueles que informam ter em casa mais comida do que o suficiente dizem que pretendem encontrar pessoas de fora, apenas 29% dos que têm menos comida que o suficiente relatam o mesmo.

Também há variação considerável entre homens e mulheres —42% deles afirmam que pretendem encontrar pessoas com quem não moram juntos, ante 33% delas—, entre jovens e mais velhos (45% ante 30%), entre os mais instruídos e menos instruídos (49% ante 28%) e entre os que aprovam e reprovam o governo do presidente Jair Bolsonaro (44% ante 36%).

De forma geral, os indicadores são coerentes com os verificados em outros levantamentos sobre medidas de proteção na pandemia. Em regra, por exemplo, mulheres tendem a ter mais medo de pegar a Covid e maior adesão a medidas como o uso de máscaras.

O levantamento foi realizado entre os dias 13 e 16 de dezembro, com 3.666 entrevistas em 191 municípios por todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.