Defesa Civil diz que risco de rompimento é real e ‘água descerá sem freio’
Alerta é do tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais. Moradores de todas as partes baixas de Brumadinho estão sendo retirados de suas casas
O risco de rompimento da barragem da represa da mina de Brumadinho passou de nível 1 para 2 às 4h da madrugada deste domingo, quando o sonar instalado no local detectou movimentaçao anormal na área. O tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil de Minas Gerais, informou que, embora a quantidade de água e terra seja menor do que a da primeira barragem, ela descerá “sem freio”, com velocidade a alcance maior.
Moradores de todas as partes baixas de Brumadinho estão sendo retirados de suas casas desde 5h30m desta madrugada, quando sirenes soaram na cidade . Quem não for para a casa de amigos e parentes poderá ser encaminhado a escolas do município.
– Há um risco real de rompimento da barragem da represa, que chama-se B6. A água não tem freio agora. Quando romperam as barragens da mina do Córrego do Feijão, as próprias instalações da Vale serviram como freio, e o rejeito parou. Agora, não se sabe o alcance – explicou Godinho.
Além da represa da mina, o deslizamento de rejeitos da barragem formou uma represa natural no Rio Paraopeba. Com a descida da água da represa, caso ela se rompa, também a barragem natural pode ir abaixo, carregando mais lama a uma distância maior.
Essa barragem com risco de rompimento é de água e não de rejeito de minério. O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, Pedro Aihara, também confirmou que o risco de rompimento existe.
– O risco de rompimento realmente existe. A situação em nível dois é caracterizada pelo risco iminente de rompimento e é por isso que, nesse momento, todas as equipes do Corpo de Bombeiros interromperam os trabalhos de buscas que estavam sendo feitos e estão todos empenhados na evacuação da população – disse Aihara.
Familiares, ativistas e moradores denunciam o descaso da mineradora Vale com o atendimento e apoio aos atingidos pelo rompimento da barragem. As principais reclamações são o desencontro de informações e a falta de suporte básico. A empresa diz que já disponibilizou acomodações para mais de 800 pessoas. A Justiça determinou bloqueio de R$ 5 bilhão da Vale após rompimento de barragem. Após a tragédia em Brumadinho, o gabinete de crise do governo federal recomendou vistoria em todas as barragens do país .