Rio de Janeiro

Delegado não é mais responsável por investigar estupro coletivo

Alessandro Thiers foi questionado pela advogada da vítima. Polícia civil anunciou que caso será investigado pela Delegacia da Criança e Adolescente

A investigação sobre o estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos ficará a cargo da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), com a delegada-titular Cristiana Bento, anunciou a Polícia Civil na tarde deste domingo (29). As informações são do jornal O Globo.

A coordenação do inquérito estava, até então, nas mãos do delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que foi questionado pela advogada da vítima. Em nota, a Polícia Civil informou que “a medida visa evidenciar o caráter protetivo à menor vítima na condução da investigação, bem como afastar futuros questionamentos de parcialidade no trabalho”.

As advogadas da jovem, Eloisa Samy e Caroline Bispo, fizeram pedidos junto ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que deu parecer favorável para que o inquérito seja desemembrado. A decisão pede que o estupro coletivo seja investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), enquanto a divulgação do vídeo ficaria a cargo da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI). 

Os promotores atenderam a três dos pedidos das advogadas, inclusive sobre a necessidade de desmembramento do caso, mas não se posicionaram contra o afastamento do delegado por entender que essa era uma atribuição da polícia civil. Outro inquérito, junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ainda aguarda julgamento.

Tratamento machista

A advogada da jovem, Eloisa Samy, afirmou que o caso foi tratado de forma “machista e misógina” em depoimento prestado na última sexta-feira (27) pela vítima à Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). “O que me incomodou foi o machismo e a misoginia (repulsa, desprezo e ódio à mulher) com que o delegado está tratando desse caso específicamente, desconsiderando o estupro, colocando o estupro como um crime menor”, afirmou Eloisa. “Quero, primeiro, que se encontre os responsáveis por esse crime, e que a vítima seja tratada com o respeito que ela merece”, disse, em entrevista.

O estupro coletivo ocorreu há cerca de uma semana, no morro São José Operário, em Jacarepaguá, na zona oeste da cidade. Um vídeo mostrando o crime foi divulgado na última quarta-feira (25), na internet, por um dos 33 homens que participaram da violência. Eloisa Samy Santiago defende a menor junto com a advogada Caroline Bispo. (Com informações do O Globo e da Agência Brasil)