ESTUDO

Depressão: redes sociais aumentam o risco do distúrbio em adultos jovens, independente da personalidade

Por outro lado, estudo revelou que pessoas com alto neuroticismo têm maior probabilidade da doença do que aquelas com alta amabilidade

40% dos brasileiros relatam medo de serem julgados nas redes sociais, diz pesquisa (Foto: Pixabay)

Adultos jovens que passam mais tempo nas redes sociais são significativamente mais propensos a desenvolver depressão dentro de seis meses, independentemente de seu tipo de personalidade. A conclusão é de um estudo publicado recentemente na revista científica Journal of Affective Disorders Reports.

De acordo com a equipe, formada por pesquisadores da Universidade de Arkansas, a Universidade Estadual de Oregon e da Universidade do Alabama, faltavam estudos focados em avaliar como várias características de personalidade podem interagir com o uso de mídia social e o risco de depressão.

Na nova pesquisa, eles avaliaram o tipo de personalidade, o tempo de uso diário de mídias sociais e o risco de desenolver depressão após seis meses em mil adultos americanos, com idades entre 18 e 30 anos. A depressão foi medida usando o Questionário de Saúde do Paciente, o uso de redes sociais foi medido pelo relato dos voluntários e e a personalidade foi medida usando o Big Five Inventory, que classifica as pessoas de acordo com cinco características: abertura, consciência, extroversão, amabilidade e neuroticismo.

Os resultados mostraram que independente do tipo de personalidade, aqueles que gastavam mais tempo nas redes sociais (cinco horas por dia) eram mais propensos a serem diagnosticados com a doença seis meses depois, em comparação com aqueles com o menor tempo de uso (até duas horas). Por outro lado, houve diferença na intensidade desse risco, de acordo com o traço predominante da personalidade.

Por exemplo, pessoas com alta amabilidade eram 49% menos propensas a ficarem deprimidas do que as pessoas com baixa amabilidade. Além disso, aqueles com alto neuroticismo foram duas vezes mais propensos a desenvolver depressão do que aqueles com baixo neuroticismo ao usar mais de 300 minutos de mídia social por dia.

De acordo com os autores, a comparação social problemática favorecida por essas plataformas digitais pode aumentar os sentimentos negativos de si mesmo e dos outros, o que poderia explicar como o risco de depressão aumenta com o aumento do uso de mídias sociais. O consumo de conteúdos predominantemente negativos também pode aumentar esses sentimentos. Por fim, quanto mais tempo gasto nas mídias sociais, menor a oportunidade de interações pessoais e atividades fora de casa.

“Conectar-se virtualmente a pessoas pode aumentar o risco de falta de comunicação ou percepção errônea que leva a dificuldades de relacionamento e risco potencial de desenvolver problemas de saúde mental”, diz Renae Merrill, pós-doutoranda no Programa de Políticas Públicas da Universidade de Arkansas e principal autora do estudo.