Apuração

Deputada pede investigação de tortura em clínica de Luziânia

Vídeos gravados no local mostram adolescentes amarrados e sendo humilhados


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O procurador-geral de Justiça de Goiás, Lauro Machado Nogueira, recebeu em seu gabinete, nesta segunda-feira (15/6), a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que integra a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Humanos, da Câmara dos Deputados.

Com ampla atuação na área dos direitos sociais, a deputada repassou ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) pedido de providências para que seja apurada a denúncia de tortura em uma clínica de reabilitação no município de Luziânia.

Erika Kokay afirma que em razão das violações dos direitos humanos verificadas na instituição, ela veio solicitar do MP-GO o acompanhamento e investigação dos fatos para a devida punição dos responsáveis identificados.

O procurador-geral informou que encaminhará todo o material apresentado pela deputada para as áreas responsáveis por esta apuração.

ENTENDA O CASO

Imagens gravadas dentro da clínica mostram que, em determinado momento, um paciente chega a ser colocado nu e amordaçado dentro de um dos quartos. Ele tem os pés e mãos amarrados com um pedaço de pano.

No vídeo, o paciente reage aos maus-tratos, mas logo ouve uma ameaça: “vai pegar uma vassoura para enfiar no… dele”.

Em outra imagem, o mesmo rapaz aparece sem roupas, deitado no chão de um quarto escuro, amordaçado e com as mãos e os pés amarrados novamente. O áudio do vídeo mostra que os torturadores zombam do homem, que não consegue nem se mexer.

– Ó o malandro. Nossa, que lindo! dizem os torturadores no vídeo.

Em um terceiro vídeo, um adolescente que aparenta ter entre 13 e 15 anos também é colocado em um colchão e preparado para ser amarrado. O jovem chora desesperado enquanto alguém da clínica pergunta se ele pretende matá-lo e ameaça “contar tudo”.

Ao ver as imagens de adolescentes sendo humilhados e amarrados, o coordenador e terapeuta da clínica, Glauber Carvalho, afirmou reconhecer um homem que é ex-funcionário da unidade, mas que, no local, sejam utilizadas práticas de tortura nega que a unidade utilize práticas violentas contra os internos.

— Isso vai ser averiguado, eu vou apresentar isso para o dono da clínica porque aqui a gente abomina esse tipo de coisa. Vamos tomar as medidas necessárias.

Glauber Carvalho afirma que, em casos de crises, os adolescentes são apenas medicados.

— Ele é medicado, colocado dentro da casa, dorme e no outro dia já acorda mais calmo e não dá trabalho.

As famílias pagavam cerca de R$ 1,2 mil por mês pelo tratamento, que pode durar de seis a nove meses.