Deputado Paulo Maluf é internado ‘às pressas’ em hospital de Brasília
O parlamentar de 86 anos deu entrada no Hospital Ortopédico e Medicina Especializada (Home), por volta de meia-noite. Ele deve ficar três dias em observação
Preso desde 22 de dezembro, o deputado federal afastado Paulo Maluf (PP-SP) foi internado “às pressas” nesta quarta-feira em um hospital particular de Brasília. O parlamentar de 86 anos deu entrada no Hospital Ortopédico e Medicina Especializada (Home), por volta de meia-noite. Segundo a unidade, não há informações sobre o estado de saúde do deputado. A equipe médica ainda trabalha no diagnóstico.
Em nota, o advogado do parlamentar, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, informou que o cliente teve uma “complicação séria” em seu quadro de saúde nesta madrugada e foi “internado às pressas”. Seu cliente deve ficar três dias em observação.
Em apelo que ainda deverá ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa pede a liberdade do deputado por “questões humanitárias e riscos à saúde”. No dia 22 de fevereiro, a Justiça Federal do Distrito Federal negou um pedido de prisão domiciliar.
“Como é do conhecimento de todos o quadro de saúde do Dr Paulo é grave, com constante e diário comprometimento, inclusive com permanente risco de óbito. O que cabia à defesa técnica foi feito, agora são os médicos que estarão responsáveis pela saúde”, lê-se no comunicado da defesa, que pediu respeito à dor e à preocupação da família.
Maluf está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Os advogados do parlamentar argumentam que a “idade avançadíssima”, os problemas cardíacos, o câncer de próstata, a diabetes e a hérnia de disco do cliente calcam o pedido de liberdade ou, ao menos, de prisão domiciliar.
STF avalia liberdade
A defesa ainda alega que Maluf corre o risco de ficar totalmente cego e ter a diabetes piorada pela falta de alimentação balanceada. O deputado perdeu a visão do olho direito em abril de 2017, segundo os advogados.
Em maio do ano passado, a Primeira Turma do STF confirmou a condenação de Maluf por lavagem de dinheiro. O deputado afastado movimentou, segundo a Justiça, US$ 15 milhões (cerca de R$ 48 milhões) entre 1998 e 2006 em contas na Suíça e na Ilha de Jersey, paraíso fiscal no Canal da Mancha. Em dezembro, o ministro do Supremo Edson Fachin determinou o início do cumprimento da pena.
Maluf foi preso em dezembro do ano passado após rejeitado um recurso contra condenação por lavagem de dinheiro. Em fevereiro deste ano, a defesa apresentou novo recurso, que foi levado para o plenário virtual (quando os ministros não se reúnem e apenas colocam seus votos no sistema da corte) so STF pelo relator da ação, ministro Edson Fachin. Em 2 de março, o ministro Dias Toffoli pediu vista, o que não permitiu a conclusão do julgamento.
Também em fevereiro, a defesa apresentou um pedido de habeas corpus, que, após sorteio, ficou sob a relatoria de Toffoli. Até agora, porém, o ministro não tomou decisão. Apenas deu um despacho com um pedido de informações a Fachin. Foi no pedido de habeas corpus que a defesa solicitou novamente a liberdade de Maluf e citou os problemas de visão.
A Subsecretaria do Sistema Penitenciário do Distrito Federal (Sesipe), ligada à Secretaria de Segurança Pública, à época, informou que oferece atendimento médico e odontológico indistintamente a todos os detentos, “com equipes médicas multidisciplinares, compostas de médicos, psicólogos, dentistas e auxiliares, que trabalham em dias úteis, no horário de 9 às 16 horas”.
Em caso de necessidade, é possível ainda acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) ou o Corpo de Bombeiros Militar. A Sesipe informou ainda que há três alas de custódia hospitalares na rede de saúde do Distrito Federal e que Maluf “recebe quatro refeições diárias em conformidade com a dieta médica imposta e acompanhada por nutricionistas”.