TRANSFOBIA

Deputado Rodrigo Amorim chama vereadora trans de ‘aberração da natureza’; vídeo

Deputada Renata Souza denunciou ofensas proferidas em meio a gritos

'É uma aberração da natureza', disse deputado Rodrigo Amorim (PTB) sobre vereadora Benny Briolly (Psol) Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

O deputado Rodrigo Amorim (PTB) está sendo acusado de transfobia pela vereadora Benny Briolly (Psol), após usar termos como “aberração da natureza” e “boizebu” para se referir a ela durante uma sessão da Alerj na última terça-feira (17).

A declaração do parlamentar veio após a fala da deputada Renata Souza (Psol). Ao ser interrompida, a deputada denunciou ofensas proferidas em meio a gritos, e disse que se as pessoas poderiam “vaiar, urrar ou mugir, como bois”, mas que não toleraria ofensas.

Ao tomar o direito à fala, o parlamentar do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) afirmou que Renata Souza teria cometido quebra de decoro e não poderia chamar os bolsonaristas de bois. Disse, ainda, que ela “não olhava para a própria bancada”. Em seguida, passou a se referir à vereadora Benny Briolly com os xingamentos.

“Hoje, na Câmara Municipal, o vereador que parece um porco humano estava lá chorando e dizendo que eu era gordofóbico, mas ela pode se referir aos outros como boi? Talvez não enxergue a sua própria bancada, que tem lá em Niterói um ‘boizebu’, que é uma aberração da natureza, aquele ser que está ali”, disse o deputado.

Em outro momento, Rodrigo se referiu à vereadora com pronomes masculinos, e disse que ela é um “vereador homem” por ter nascido “com pênis”.

“Ela faz referência a um vereador homem, pois nasceu com pênis e testículos, portanto é homem (…) temos uma aberração do alfabeto inteiro designando o que eles chamam de gêneros, gêneros aleatórios, quando na verdade eu insisto na minha tese de que sou do tempo em que existiam homens, mulheres, ‘bichas’ e ‘sapatões’. Nada mais além disso”, declarou Rodrigo Amorim.

A vereadora Benny Briolly (Psol) diz ter sido ameaçada de morte mais de 20 vezes. Recentemente, foi alvo de ataques durante uma votação na Câmara Municipal de Niterói, enquanto apresentava o projeto de lei 09/2022, que institui 12 de novembro como o Dia de Maria Mulambo, entidade cultuada por religiosos de matriz africana. Na ocasião, pessoas contrárias ao projeto de lei gritaram frases como “Sai fora, macumbeiro” e “Protetor é Jesus Cristo”.

— Nós vamos registrar ocorrência na Decradi e já acionamos o Psol para entrar com uma representação no Conselho de Ética da Alerj contra o deputado Rodrigo Amorim, e a gente espera que medidas sejam tomadas em mais um ato criminoso cometido pelo parlamentar — diz a vereadora.

O deputado Rodrigo Amorim (PTB) se defendeu da acusação de transfobia, e disse que se referia às “aberrações que o politicamente correto e a esquerda fazem com a língua portuguesa” e à “mania de criar gêneros”. O deputado alegou, ainda, que “biologicamente só existem dois sexos”, e disse que “a mesma ciência que defende as vacinas também deixa isso bem claro”.

— Não cometi transfobia de forma alguma, apenas critiquei as aberrações que o politicamente correto e a esquerda fazem com a língua portuguesa. E critiquei também a mania de criar gêneros – biologicamente só existem dois sexos. A mesma ciência que defende as vacinas também deixa isso bem claro. Não há necessidade de se criar cada vez mais termos para aumentar a sigla LGBT, e esses grupos identitários só fazem isso para confundir e promover mais perseguição ideológica a quem discorda deles. Comigo não há como isso acontecer. Vivemos em um país livre, e se os grupos identitários precisam da censura e da opressão para defenderem suas causas, é mais um sinal de que elas estão equivocadas. O “Sr. Bênio” tem um projeto no qual autoriza crianças a mudarem de sexo sem autorização dos pais e incrivelmente não causa a mesma indignação — afirma o parlamentar.

O deputado ficou conhecido após a quebra da placa com homenagem a Marielle Franco, que aconteceu durante um evento político em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, em outubro de 2018. Ao lado de Amorim, estava Daniel Silveira, que elegeu-se deputado federal e foi condenado esta semana a 8 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas acabou recebendo um indulto do presidente Jair Bolsonaro (PL).

No palanque, na ocasião, estava ainda o ex-governador Wilson Witzel, alvo de um impeachment. Emoldurada, metade da placa com o nome da vereadora executada é exibida até hoje no gabinete de Rodrigo Amorim.