As eleições proporcionais costumam chamar menos a atenção do eleitor. Mas é exatamente esta disputa que pode mudar a cara do Brasil, pois são os deputados e senadores que fazem as leis.
E no Brasil tudo é lei, daí casos de corrupção como o mensalão – em que o Poder Executivo ‘comprava’ os votos dos parlamentares para aprovarem leis de interesse da presidência.
Em Goiás, 175 candidatos a deputado federal disputam voto a voto as eleições de outubro. Eles querem legislar e fiscalizar o Poder Executivo.
Esse quantitativo equivale a 10,3 candidatos por vaga. É uma disputa mais fácil do que passar no vestibular da Universidade Federal de Goiás (UFG) para um curso como administração de empresas ou jornalismo – na casa dos 11 e 12 por vaga, respectivamente.
Diferente da disputa majoritária – caso das eleições para governador e senador – a competição para o parlamento tem na legenda e coligação a possibilidade de sucesso.
Cada partido precisa acumular um quantitativo de votos para eleger seus pares. Por isso que nem sempre se elege o candidato com mais votos.
É fundamental que se atinja o chamado coeficiente eleitoral – calculado a partir do quantitativo dos votos válidos (fora os votos brancos e nulos) dividido pelo número de cadeiras (em Goiás são 17 para deputado federal).
O resultado da equação acima é então divido pelos números de votos que o partido teve. A partir do coeficiente eleitoral surge um quociente partidário, o número de vagas que o partido terá na distribuição das 17.
Em Goiás, para a Câmara dos Deputados, já existe um consenso: um grupo de dez candidatos estaria com a mão no diploma.
As legendas, em outras palavras, já teriam por tradição um grande somatório de votos, que credenciariam a vitória dos primeiros nomes das siglas.
Esta colocação na legenda é puramente especulativa, baseada em indicações de dez jornalistas consultados pela reportagem.
Giuseppe Vecchi (PSDB), Iris de Araújo (PMDB), Roberto Balestra (PP), Rubens Otoni (PT), Jovair Arantes (PTB), João Campos (PSDB), Pedro Chaves (PMDB), Daniel Vilela (PMDB), Antônio Faleiros (PSDB) e Alexandre Baldy (PSDB) seriam os candidatos com maiores chances de vencer as eleições de outubro.
Sobrariam ainda sete vagas, disputadas de forma acirrada dentro das legendas.
O MAIS GOIÁS computou e comparou com o quadro evolutivo de votos das eleições passadas e divulga aqui quem são as apostas para outubro – ou como se dizia no passado, os puxadores de votos.
QUEM PODE SE ELEGER
PSDB
Joao Campos
Natural de Peixe (TO), João Campos tem 51 anos e atua como deputado federal em seu terceiro mandato. É pastor e candidato das assembleias de Deus e igrejas neopentecostais. Também tem votos do setor de Segurança Pública, pois foi delegado.
Alexandre Baldy
É empresário natural de Goiânia, 34 anos, e conhecido no segmento empresarial, pois foi secretário de Indústria e Comércio. É uma das promessas da política anapolina e herdou colégios eleitorais do deputado federal Sandro Mabel (PMDB), que não vai concorrer neste ano.
Giuseppe Vecci
Vecci é ex-secretário de Gestão e Planejamento do estado de Goiás, tem 57 anos, empresário do setor de ensino, e não tem experiência eleitoral, mas herda os colégios eleitorais de Leonardo Vilela (PSDB), atual titular da Segplan. Fez um trabalho assistencialista com municípios e pode ser o mais votado do PSDB.
Antônio Faleiros
É ex-deputado federal e ex-secretário de Saúde em Goiás. Comandou uma bem articulada gestão no setor, através da experiência das Organizações Sociais. É um dos candidatos indicados pelo setor médico de Goiás. Tem 66 anos.
PMDB
Daniel Vilela
É ex-vereador e atual deputado estadual. Aos 30 anos, herda votos do colégio eleitoral de sua cidade natal, Jataí. Seu primo, Leandro Vilela, deputado federal, não será candidato à reeleição. Não obstante, Vilela tem ainda forte presença em Aparecida de Goiânia, onde seu pai é prefeito. Deverá ser o mais votado do PMDB.
Iris de Araújo
É deputada federal. Natural de Três Lagoas (MS), Iris de Araújo tem 71 anos. Costuma apresentar grande votação na região Noroeste de Goiânia, por conta das ações sociais que fez na década de 1980, quando foi primeira dama. Também ajudou a constituir os bairros desta região. Mas tem votos espalhados por Goiás.
Pedro Chaves
Pedro Chaves tem 55 anos e veterano na Câmara dos Deputados. Tem presença discreta nas votações e elaborações de lei, mas é conhecido no interior, com relativa quantidade de votos na região Norte e Nordeste. Corre risco de não ser eleito se na coligação aparecer nomes mais competitivos.
PT
Rubens Otoni
É deputado federal. Natural de Goianésia, Rubens Otoni tem 58 anos e amplo domínio de votos em Anápolis, que deve ser agora repartido com Alexandre Baldy. Tem penetração também na região do Entorno, principalmente em Valparaíso de Goiás. Do PT, deve ser o que terá mais votos.
PTB
Jovair Arantes
Teve 147 mil votos na eleição passada, mantendo pouco mais de 5% dos votos válidos. Tem um esquema bem montado de atuação junto à prefeitos. Aos 63 anos, deve ser eleito para mais um mandato.
PP
Roberto Balestra
Aos 70 anos, é um dos candidatos experientes com chances de vitória. Tem um esquema eleitoral bem montado: consegue votos de Inhumas, onde é empresário, e em diversos colégios eleitorais espalhados. Costuma ter acima de cem mil votos.
Outras sete vagas devem ser disputadas por treze nomes com densidade eleitoral ou que apresentam potencial conforme indicações de jornalistas e políticos consultados pela reportagem
PDT
Flavia Morais é candidata à reeleição.
Natural de Belo Horizonte (MG), ela tem 45 anos e procura a todo custo se manter na casa. Em 2010, foi a terceira mais votada, com 152.553 votos. Na ocasião teve apoio do governo e atuou em duas frentes: assistencialismo médico (marido é médico) e assistencialismo social (foi secretária estadual).
PT
Olavo Noleto
Politicamente é uma incógnita, pois jamais foi candidato e militou à nível federal. Aos 40 anos, todavia é considerado como candidato oficial do Governo Federal em Goiás, tendo antecipadamente participado de entregas de obras e recursos públicos.
PSD
Thiago Peixoto
Ele nasceu em Brasilia e aos 40 anos é um dos principais nomes da base aliada ao governo. Deve ser eleito por conta das ações na educação, onde atuou como secretário. Tem inúmeros prefeitos em seu casting de apoios.
José Mário Schreiner
Ele é candidato do setor do agronegócio. Disputa parte dos votos deixados por Ronaldo Caiado. Natural de Porto União (SC), ele tem 53 anos e tradição de líder na Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg).
PSDB
Fábio Sousa
Aos 31 anos, é uma das revelações na Assembleia Legislativa, tendo se destacado como político presente e equilibrado. Ampliou os votos que costuma ter, da igreja do pai, Fonte da Vida, e deve ser eleito.
PP
Sandes Júnior
Ele é natural de Porto Nacional. Aos 55 anos, costuma ter menos votos do que o parceiro de legenda Roberto Balestra, mas na coligação deverá estar dentre os primeiros.
SOLIDARIEDADE
Lucas Vergílio
É um desconhecido na política goiana. Aos 27 anos, o principal atributo do candidato é ser filho do atual deputado Armando Vergílio, que se elegeu em 2010 pelo PMN com 103 mil votos. O pai abriu espaço para o filho e o candidato ao governo, Iris Rezende, teria como questão de honra eleger o filho de Vergílio, seu candidato à vice.