DESACATO

Detidos, jovens ofendem homem sem saber que era o delegado

Delegado diz que não houve injúria racial nas ofensas, mas vê racismo estrutural

Detidos, jovens ofendem homem sem saber que era o delegado (Foto: Polícia Civil)

Em vídeo, jovens detidos em uma delegacia de Curitiba ofendem um homem negro, sem saber que era o delegado Rodrigo Souza. Segundo reportagem do G1, os três rapazes foram presos, no domingo (11), por desacato a guardas municipais, no Museu Oscar Niemeyer.

Na carceragem da delegacia, relatou o site, eles começaram a ofender Rodrigo, que, então, passou a filma-los e as ofensas continuaram. Um dos jovens pedia aos demais que não entrassem no “jogo” e ficassem quietos. Eles se identificavam como estudantes.

“Quando cheguei, vi que eles estavam alterados e perguntei o motivo de estarem gritando. Falaram que não iriam falar comigo, porque eu não mandava nada, que só iriam falar com o delegado e aí começaram as agressões [verbais]”, disse ao G1.

“Um deles me chamou de safado, usou um palavrão e me chamou de ‘cabação’. O outro perguntou se eu já tinha lido algum livro na vida, disse que eu tinha cara de analfabeto”, continuou.

https://www.youtube.com/watch?v=s2uMJwdOzJQ

Quando descobriram…

Quando descobriram que Rodrigo era o delegado, no momento de serem ouvidos, eles pediram desculpas e relataram que estavam alterados por conta do tratamento. O delegado, contudo, informou não houve nada diferente do comum, na delegacia.

Destaca-se, um dos jovens foi liberado no mesmo dia – o que pedia para colegas ficarem quietos. Os outros dois, no dia seguinte.

Ao site, o delegado disse que não houve injúria racial nas ofensas, mas ele viu a situação como racismo estrutural. “Eles não falaram nada racista, portanto nenhuma injúria racial, mas ficou bem claro. Não cogitaram que eu fosse delegado em razão do racismo estrutural. Por eu ser negro não posso ser um delegado?”

E ainda: “Como negro, gosto muito de servir como exemplo para aquele moleque pobre que tem intenção de seguir carreira. Torço para que cada vez mais pessoas pretas, negras, ocupem cargos em órgãos públicos. Que isso passe a ser normal e não anormal, como eles deixaram transparecer.”