Donas de página de fofocas são investigadas após morte de jovem em Minas Gerais
Antes de sua morte, a mulher pediu à página que retirasse as postagens sobre ela
A polícia está investigando três mulheres por administrarem uma página de fofocas que difamava moradores de Nepomuceno, uma cidade do interior de Minas Gerais. Um dos alvos da página, uma jovem de 20 anos chamada Nathália Adomiram, tirou a própria vida após sofrer perseguição.
A família de Nathália aponta que as publicações feitas contra a garota motivaram seu suicídio, ocorrido no fim de julho. A página, chamada Gossipnep, utilizava caixinhas de pergunta para reproduzir xingamentos direcionados a Nathália, criticando seu cabelo e chamando-a de “barraqueira”, “chata” e dizendo que ela “merecia apanhar”.
No dia 27 de junho, Nathália pediu à página, via Instagram, que apagasse as publicações sobre ela. “Pode apagar, fazendo favor? Não quero que poste algo ao meu respeito.” Mesmo após o pedido, a página continuou a republicar outros xingamentos. Essas conversas foram enviadas pela vítima à sua irmã e agora fazem parte da representação legal feita pela família à Justiça.
Repercussão e investigação
Após a morte de Nathália, ao menos 30 pessoas procuraram os advogados da família com queixas sobre a página. “A tela do celular e do computador não é uma tela de blindagem. Todos os atos têm consequência. Infelizmente, a consequência foi a perda de uma menina de 20 anos por causa dessa perseguição”, afirmou Marcelo Adomiram, advogado da família.
Os advogados querem que as administradoras da página respondam por perseguição, difamação e calúnia. Além da representação criminal, eles pretendem fazer uma representação civil contra as mulheres envolvidas.
Ação policial
As administradoras da página foram ouvidas pela polícia e liberadas em seguida. Uma delas afirmou ao delegado que “não se recorda de nenhuma publicação relacionada a Nathália”, enquanto outra disse não lembrar quem enviou as mensagens repostadas no Instagram. Os celulares das investigadas foram apreendidos e passarão por análise para determinar a origem das mensagens publicadas.
Situação atual
A página Gossipnep, que existia há quatro anos, estava fora do ar nesta sexta-feira (2). O site de notícias UOL não conseguiu contato com as três investigadas ou com seus advogados.