Duas meninas migrantes morrem afogadas perto de ilha grega
Crianças de um e dois anos caíram nas águas do Mar Egeu
A guarda costeira grega anunciou hoje (20) a morte de duas meninas, as primeiras vítimas no Mar Egeu após a entrada em vigor do acordo que prevê o regresso à Turquia dos refugiados que cheguem à Grécia.
As meninas, de um e de dois anos, afogaram-se após caírem, em circunstâncias desconhecidas, de um barco de borracha, no qual viajavam entre 35 e 40 pessoas, próximo a ilha de Rodes, revelou a guarda costeira grega.
Por outro lado, dois refugiados sírios tiveram ataques cardíacos à chegada em canoa, durante a madrugada, à ilha grega de Lesbos, no nordeste do Egeu, indicou à AFP Boris Cheshirkov, representante na ilha do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados.
Desde a meia-noite de hoje que a fronteira marítima está fechada aos migrantes ilegais que chegam à Grécia desde a Turquia, devido a um acordo polémico entre a União Europeia (UE) e a Turquia.
Nas últimas 24 horas e até as 8h locais, (6h em Lisboa) de hoje chegaram 875 refugiados às ilhas gregas, segundo dados publicados hoje pelo centro de gestão da crise do Governo, que não distingue entre os que chegaram antes da meia-noite e depois da meia-noite, quando entrou em vigor o acordo.
O governo grego começou ontem (19) à tarde a retirar todos os migrantes e refugiados das ilhas para o continente, a fim de limpar os centros de registo, mas nas ilhas, esta manhã, estavam ainda 7.316 pessoas.
A partir de hoje, esses centros nas ilhas de Lesbos, Chios, Kos, Samos e Leros tornam-se o destino final da viagem, onde os migrantes e os refugiados terão de optar por pedir asilo à Grécia ou serem devolvidos para a Turquia.
Cada caso será analisado individualmente, de modo que as primeiras devoluções apenas deverão ocorrer dentro de duas semanas.
As autoridades gregas reconheceram a impossibilidade de aplicação imediata dos termos do acordo, deixando em aberto qual o destino que será dado aos migrantes que chegarem hoje.
“Na verdade, precisamos de estruturas, a equipa está pronta e é preciso um pouco mais de 24 horas”, admitiu sábado à AFP Giorgos Kyritsis, porta-voz do órgão de coordenação do socorro.
As cerca de 50 mil pessoas que estão retidas na Grécia devem optar por se inscrever no programa de deslocalização para outros países da UE, que continua a ser voluntária e que, até agora, produziu poucos resultados.
Após a assinatura do acordo UE -Turquia, o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que as deslocalizações de Grécia devem atingir as 6 mil pessoas por mês e apelou aos membros para demonstrarem solidariedade.
Em toda a Grécia existe um total de 48.141 migrantes e refugiados, com maior aglomeração no campo fronteiriço de Idomeni, com 12 mil pessoas.