Durante vacinação, adolescente homenageia mãe e 5 parentes mortos por covid
Mãe da jovem morreu 16 dias antes do seu aniversário
Bruna Santana Prates Gomes, de apenas 15 anos, juntou todas as suas forças para homenagear a mãe e mais cinco parentes que morreram de covid durante o momento em que recebia vacinação contra a doença, em Santos, no litoral de São Paulo. Ela confeccionou um cartaz com as datas das mortes dos familiares com a mensagem “eles não tiveram a mesma oportunidade”.
“Meu objetivo inicial primeiramente foi homenagear a minha família. Principalmente a minha mãe, que foi quem me criou desde o início, esteve comigo e foi uma pessoa que sempre desejou e esperou o momento em que eu iria tomar a vacina. Em segundo lugar, eu queria conscientizar as pessoas de que as vacinas salvam”, contou a jovem em entrevista concedida ao UOL.
Seu pai, Welithon Prates Gomes, de 53 anos, deu todo suporte quando soube da ideia da filha, “apesar do sofrimento que ela passou e está passando. Ela falou comigo e eu disse ‘faz, filha, é uma coisa que você passou’. Passa uma mensagem para outros jovens, outras pessoas que às vezes não acreditam nessa doença que está devastando o mundo e só acreditam quando acontece com a família”, afirmou.
Morando em Santos desde o início de dezembro de 2020, Bruna disse que nenhuma das pessoas que ela homenageou foi vacinada a tempo, com exceção da bisavó, de 98 anos. No cartaz, ela colocou as datas das mortes dos familiares em ordem: um tio, em 20/03/2021; a avó uma semana depois, em 27/03/2021; seu outro tio em 07/04/2021; sua mãe em 10/04/2021; mais um tio em 18//04/2021; e sua bisavó, em 15/06/2021.
“[Ali] Não vacinei sozinha, estava vacinando com toda minha família, todos meus familiares que não tiveram a chance da vacina. Mas, principalmente, me vacinei pela minha mãe”, explicou a estudante, vacinada com a primeira dose na última segunda-feira (30).
Mãe se protegia muito
Bruna falou que passados um ano e meio de pandemia, ela nunca contraiu o vírus da covid, mesmo durante o período em que seu pai e sua madrasta se infectaram. O cuidado que ela segue tomando desde o começo foi um espelho vindo da mãe, Rosália Santana dos Santos, que infelizmente não escapou da doença. Segundo a jovem, um familiar teria contaminado sua mãe.
“Minha mãe era uma pessoa que se cuidava muito contra a covid. Ela e minha avó, todos eles, sofreram e passaram pelo que passaram por conta do meu tio, que não acreditava na doença, achava que era ‘só uma gripezinha’, como algumas pessoas do País popularizam”, lamenta. “Pegaram a doença por causa de uma pessoa que não acreditava. Todos pagaram [com a vida]”.
Rosália morreu apenas 16 dias antes do aniversário de 15 anos da filha. Uma das motivações de Bruna ter feito a homenagem é de que o aniversário da mãe está próximo, 14 de setembro, então foi uma forma que ela encontrou de incentivar as pessoas e levar conscientização, além de esperança na vacina, que sua mãe não conseguiu receber quando morava em São Felipe, no interior da Bahia.
“Foi a fé que me sustentou até o fim. Eu tinha muita fé de encontrar minha mãe no corredor da minha casa para ser abraçada. Infelizmente isso não aconteceu. Não percam a fé, vacina salva, oração também ajuda”, disse a jovem ao falar sobre as pessoas que estão com familiares hospitalizados devido à covid.
Convocação dos jovens
A mensagem de Bruna se estende para todos, principalmente aqueles da sua faixa etária, dos 12 aos 18 anos: “Vocês são o futuro da nação. A vacina não dói, é questão de segundos. O braço depois vai doer, mas é questão de um dia. Você que vacinar, vai participar de um momento histórico, isso é para a vida inteira. A vacina é momentânea, mas você vai poder falar ‘fiz parte dessa história’.”
Ela reforça o potencial das vacinas para a redução de casos e mortes por covid no Brasil. “A vacina salva e eu quero que as pessoas se cuidem. Ninguém aguenta mais usar máscara, os protocolos. Mas não é só eu, não é só você, é boa parte da população [que precisa se vacinar]. Eu não tomei a vacina só por mim. Tomei pelo meu pai, pela minha família e pelas outras pessoas. Eu e diversas pessoas queremos voltar para uma vida normal”.
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