HOMENAGEM

Durante vacinação, adolescente homenageia mãe e 5 parentes mortos por covid

Bruna Santana Prates Gomes, de apenas 15 anos, juntou todas as suas forças para homenagear…

Bruna Santana Prates Gomes, de apenas 15 anos, juntou todas as suas forças para homenagear a mãe e mais cinco parentes que morreram de covid durante o momento em que recebia vacinação contra a doença, em Santos, no litoral de São Paulo. Ela confeccionou um cartaz com as datas das mortes dos familiares com a mensagem “eles não tiveram a mesma oportunidade”.

“Meu objetivo inicial primeiramente foi homenagear a minha família. Principalmente a minha mãe, que foi quem me criou desde o início, esteve comigo e foi uma pessoa que sempre desejou e esperou o momento em que eu iria tomar a vacina. Em segundo lugar, eu queria conscientizar as pessoas de que as vacinas salvam”, contou a jovem em entrevista concedida ao UOL.

Seu pai, Welithon Prates Gomes, de 53 anos, deu todo suporte quando soube da ideia da filha, “apesar do sofrimento que ela passou e está passando. Ela falou comigo e eu disse ‘faz, filha, é uma coisa que você passou’. Passa uma mensagem para outros jovens, outras pessoas que às vezes não acreditam nessa doença que está devastando o mundo e só acreditam quando acontece com a família”, afirmou.

Morando em Santos desde o início de dezembro de 2020, Bruna disse que nenhuma das pessoas que ela homenageou foi vacinada a tempo, com exceção da bisavó, de 98 anos. No cartaz, ela colocou as datas das mortes dos familiares em ordem: um tio, em 20/03/2021; a avó uma semana depois, em 27/03/2021; seu outro tio em 07/04/2021; sua mãe em 10/04/2021; mais um tio em 18//04/2021; e sua bisavó, em 15/06/2021.

“[Ali] Não vacinei sozinha, estava vacinando com toda minha família, todos meus familiares que não tiveram a chance da vacina. Mas, principalmente, me vacinei pela minha mãe”, explicou a estudante, vacinada com a primeira dose na última segunda-feira (30).

Mãe se protegia muito

Bruna falou que passados um ano e meio de pandemia, ela nunca contraiu o vírus da covid, mesmo durante o período em que seu pai e sua madrasta se infectaram. O cuidado que ela segue tomando desde o começo foi um espelho vindo da mãe, Rosália Santana dos Santos, que infelizmente não escapou da doença. Segundo a jovem, um familiar teria contaminado sua mãe.

“Minha mãe era uma pessoa que se cuidava muito contra a covid. Ela e minha avó, todos eles, sofreram e passaram pelo que passaram por conta do meu tio, que não acreditava na doença, achava que era ‘só uma gripezinha’, como algumas pessoas do País popularizam”, lamenta. “Pegaram a doença por causa de uma pessoa que não acreditava. Todos pagaram [com a vida]”.

Rosália morreu apenas 16 dias antes do aniversário de 15 anos da filha. Uma das motivações de Bruna ter feito a homenagem é de que o aniversário da mãe está próximo, 14 de setembro, então foi uma forma que ela encontrou de incentivar as pessoas e levar conscientização, além de esperança na vacina, que sua mãe não conseguiu receber quando morava em São Felipe, no interior da Bahia.

“Foi a fé que me sustentou até o fim. Eu tinha muita fé de encontrar minha mãe no corredor da minha casa para ser abraçada. Infelizmente isso não aconteceu. Não percam a fé, vacina salva, oração também ajuda”, disse a jovem ao falar sobre as pessoas que estão com familiares hospitalizados devido à covid.

Convocação dos jovens

A mensagem de Bruna se estende para todos, principalmente aqueles da sua faixa etária, dos 12 aos 18 anos: “Vocês são o futuro da nação. A vacina não dói, é questão de segundos. O braço depois vai doer, mas é questão de um dia. Você que vacinar, vai participar de um momento histórico, isso é para a vida inteira. A vacina é momentânea, mas você vai poder falar ‘fiz parte dessa história’.”

Ela reforça o potencial das vacinas para a redução de casos e mortes por covid no Brasil. “A vacina salva e eu quero que as pessoas se cuidem. Ninguém aguenta mais usar máscara, os protocolos. Mas não é só eu, não é só você, é boa parte da população [que precisa se vacinar]. Eu não tomei a vacina só por mim. Tomei pelo meu pai, pela minha família e pelas outras pessoas. Eu e diversas pessoas queremos voltar para uma vida normal”.

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