Graças à internet e a popularização de motores gráficos como Unity e Unreal, o mercado independente de games não para de crescer no mundo todo. O Brasil não é uma exceção.
Enquanto em anos passados a Brasil Game Show (BGS) tenha recebido apenas uma porção de jogos indie brasileiros, a edição deste ano abrigou dezenas de pequenos devs brasileiros vendendo o seu peixe, seja exibindo demos ou tentando conquistar investidores para ajudar no desenvolvimento e lançamento dos seus títulos.
O maior stand era da paulistana Messier Games que levou nada menos do que três jogos para o evento. O primeiro foi Kriaturaz, um jogo de RPG de ação, ainda longe de ser lançado, estrelado por personagens do folclore.
Isso mesmo: para jogar, você escolhe personagens como Saci, Cuca, Iara, Curupira e mais. Porém, o mais interessante é o design dos personagens. O estúdio resolveu se afastar das imagens conhecidas. Nas palavras do ilustrador Rafael Pen: “Queríamos desassociar o folclore brasileiro das imagens criadas por Monteiro Lobato. Queríamos quebrar com isso e apresentar um design original”.
Na demo era possível jogar uma fase inicial em que os monstrinhos do folclore ainda eram “bebês”. Tal qual em Pokémon, os protagonistas evoluem, crescem e mudam de forma conforme o jogador avança.
O segundo jogo traz consigo a responsa de ter o nome de uma das maiores marcas nerds do Brasil: Holy Avenger. Se trata de um novo beat’em up em um molde melhorado de Holy Avenger: Tormenta, jogo lançado há cerca de dois anos.
O novo game ainda não tem título e surgiu de uma paixão dos diretores da Messier por Holy Avenger: “Eles são grandes fãs, leram todos os quadrinhos originais e conseguiram uma parceria com a Jambô Editora para fazer mais um jogo”.
Mas a Messier também foi a detentora da maior fila dos jogos indie: eles trouxeram um aparelho de realidade virtual HTC Vive com o jogo de exploração Opus Castle.
Nele, o jogador é colocado em uma masmorra de castelo e precisa explorar o ambiente interativo para descobrir o que aconteceu e o que precisa fazer para sair e progredir no espaço.
Mas muitos outros jogos independentes conseguiram se destacar no evento, especialmente por muitos terem perdido o medo de pensar grande, desenvolvendo jogos complexos para PS4 e Xbox One.
Os mineiros da TDZ Games trouxeram o shooter em terceira pessoa Eliosi’s Hunt, sobre um mercenário alienígena. A demonstração do jogo, inclusive, já está disponível no site da empresa.
O jogo terá seis fases, a primeira já finalizada. Se pensa que isso é pouco, saiba que o jogo se inspira em Battletoads e Contra: jogos curtos, mais extramemente difíceis da geração de 16 bits. Portanto, espere um desafio significativo.
Em desenvolvimento há dois anos, o game será lançado no ano que vem. Outro em desenvolvimento há tanto tempo é o shooter espacial Da Wolves, da Reload Studio. O grande diferencial do game é ir para além do estilo “de navinha”.
Nele, além de detonar e explodir naves inimigas e ondas e mais ondas de piratas espaciais, há também um elemento de katamari: sua nave cresce e ganha poderes acumulando peças e outras partes das naves inimigas.
Outro estilo muito popular na feira foram os metroidvanias: jogos de plataforma e exploração em 2D, como, é claro, Metroid e Castlevania. Um dos principais destaque ficou por conta de Tiny Little Bastards, jogo sobre uma família de vikings em busca de sua cerveja roubada por goblins.
E também houve o retorno de alguns estilos há muito sumidos, como o run & gun popularizado por Sunset Riders. Este é o caso de wells, título steampunk para PS4, Xbox One e PC que já está em fase de lançamento. Como uma jogabilidade que parece simples – mas não é – o jogo investe em desafio e criatividade para avançar e foi um dos melhores indeis da feira.
Neste ponto também entram dois jogos de Brasília: Alkymia e Dog Duty. O primeiro, em 3D, tem toda sua jogabilidade baseada na mistura de poções do jogador, criando bombas de fogo e outros dos quatro elementos.
Além disso, o ambiente é profundamente interativo, instigando o jogador a usar sua criatividade para superar os objetivos. Desenvolvido pela Bad Minions, o jogo está com uma campanha no Kickstarter para finalizar o desenvolvimento do jogo: ele ainda precisa de trilha sonora e efeitos sonoros.
Já Dog Duty, da Zanardi & Liza, relembra um estilo de jogo que está retornando à popularidade: os jogos de estratégia por esquadrão. Embora em estilo visual o jogo lembre muito Chroma Squad, a jogabilidade está profundamente ligada a outra grande série de sucesso dos anos 1990: Commandos. Vale muito a pena conferir.
E te cuida Gwent! Outro destaque indie nacional foi o jogo de cartas brasileiro Aestium. Com sua mecânica básica já pronta, o jogo deve entrar em beta em cerca de dois meses e está com campanha de arrecadação no Kickante. E os produtores prometem: será gratuito e não será pay-to-win. O jogador poderá comprar mudanças cosméticas, para não desbalancear.
Dois jogos finalizam nossa lista de favoritos: Eternity – The Last Unicorn e Ressurgidos. O primeiro está em desenvolvimento há mais de ano e mistura, visualmente e em jogabilidade, Dark Souls com Resident Evil Remaster.
Se trata de um game de fantasia, RPG e aventura e que deixa grandes promessas. O problema é que por ser tão complexo e ter uma ideia tão grande, o jogo ainda possui grandes arestas para serem aparadas. Mesmo assim, já conquistou nossa atenção.
Por fim, Ressurgidos acabou de entrar em desenvolvimento, mas isto não impediu que seus idealizadores comparecessem no evento com dois atores vestidos de zumbis. Isso mesmo, zumbis: se trata de um jogo de estratégia de esquadrão também, inspirado profundamente no sucesso de X-Com, mas no Brasil e com zumbis. Esse promete!
Saímos da BGS com o desejo de poder conhecer e jogar mais de tantos jogos independentes, além de orgulhosos de saber que o Brasil tem tanto a oferecer neste mercado cada vez mais competitivo.