‘É uma barbaridade’, diz ex-presidente Temer a jornalista ao ser preso
Ex-presidente atendeu a telefonema enquanto estava sendo levado por policiais federais para o aeroporto de Guarulhos
Enquanto estava sendo levado por policiais federais para o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na manhã desta quinta-feira, o ex-presidente Michel Temer atendeu a um telefonema do jornalista Kennedy Alencar, da CBN. Ele confirmou que o mandado era de prisão preventiva, emitido pelo juiz Marcelo Brêtas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, e indignou-se: “é uma barbaridade”.
Temer foi preso pela força-tarefa da Operação Lava-Jato em um desdobramento da Operação Radioatividade, que investiga desvios nas obras da Usina de Angra 3. A prisão se baseia em delação do operador do PMDB Lúcio Funaro, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-governador do Rio, Moreira Franco, ministro de Minas e Energia durante o governo Temer, também foi detido.
“Eu telefonei para o presidente Michel Temer e ele atendeu diretamente. Eu perguntei o que estava acontecendo, ele disse que estava na companhia de policiais federais. Perguntei que tipo de mandado era, ele disse que era um mandado de prisão preventiva do juiz Marcelo Bretas e que ele estava indo para o aeroporto de Guarulhos. Aí ele disse que não podia falar muito mais, mas ele próprio me confirmou que é um mandado de prisão assinado pelo juiz Marcelo Bretas no RJ. E ele usou a expressão “é uma barbaridade”, foi como ele descreveu para mim e reagiu na hora”contou Kennedy à Rádio CBN.
A colaboração de Funaro detalha um esquema de corrupção no Congresso chefiado por caciques do antigo PMDB. São eles: ex-presidentes da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, preso em Curitiba, e Henrique Eduardo Alves, além dos ex-ministros Geddel Vieira Lima (preso há 6 meses), Moreira Franco e do ex-vice governador do Distrito Federal Tadeu Filippeli, que foi assessor especial do gabinete de Temer.
Investigadores cruzaram informações e documentos fornecidos por Funaro com planilhas entregues à Justiça pelos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Claudio Barbosa, o Toni, apontados pela força-tarefa como responsáveis por mandar valores para o exterior para políticos e empresários. Tais planilhas mostram transferências para Altair Alves Pinto, apontado como operador de Cunha.
Altair foi apontado pelos doleiros como “o homem da mala” que repassava dinheiro para Eduardo Cunha e para o presidente Michel Temer. A delação de Funaro também atinge o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Jorge Picciani e o empresário de ônibus Jacob Barata.