“É uma tentativa louvável da Câmara”, diz cientista político sobre mudança de nome da Castelo Branco
Avenida levará o nome do ex-prefeito Iris Rezende, mas dispositivo ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Rogério Cruz
A mudança de nome da Avenida Castelo Branco para Agrovia Iris Rezende Machado, aprovada na Câmara Municipal de Goiânia na quinta-feira (18), é um “presente para a capital goiana”. A avaliação é do cientista político Guilherme Carvalho, que aponta que as críticas ao projeto de lei, de cunho comercial e econômico, acabam por se dobrar ao apelo afetivo que alteração promove.
Enquanto tramitou na Câmara Municipal, o projeto de lei foi alvo de calorosos debates, inclusive com protesto de empresários da região da Castelo Branco. Os vereadores favoráveis — incluindo o autor da matéria, Clécio Alves (Republicanos) — argumentavam que a mudança retiraria o nome de um ditador — já que Castelo Branco foi o primeiro presidente da Ditadura Militar —, sem relevância histórica para Goiânia, e colocava no lugar uma homenagem ao ex-governador e ex-prefeito Iris Rezende, cuja a relevância política para a cidade e democracia é incontestável.
Por outro lado, contrários ao projeto — a exemplo do vereador Sargento Novandir (Avante) — alegaram que a mudança de nome poderia gerar prejuízos para os comerciantes e afastavam o debate político, sobre democracia e ditadura embutidos nos nomes dos homenageados para uma das principais vias da cidade.
O projeto ainda precisa ser sancionado pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos), que chega de viagem nesta sexta-feira (18).
Memória e História
Neste sentido, o cientista político Guilherme Carvalho aponta que é preciso avaliar como a população trata a memória e história da cidade. Ele diz que, por não se dar conta disso, muitas das nossas ruas, lugares, monumentos, nas cidades em todo o país, foram batizadas ou tiveram o nome alterado em homenagem a “figuras execráveis” que foram feitas em momentos autoritários ou em governos extremamente pragmáticos, que não levaram à sério a questão da memória, sem entender que o passado pode ter uma simbologia negativa.
Assim, segundo Guilherme Carvalho, o argumento comercial pode não ser tão importante. Mesmo “porque marcas e empresas mudam de nome o tempo todo, e as pessoas aderem aos poucos”. Deste modo, “seria uma louvável por parte da Câmara Municipal homenagear uma figura tão importante para Goiás e Goiânia retirando uma homenagem a uma pessoa que participou de um golpe militar no país e que tem pouca importância para a capital”.
“Quando comparamos as duas figuras, o apelo comercial acaba se dobrando. O importante é que nós possamos dar à cidade o nome de uma das pessoas mais importante de sua história, ao invés de dar a ela, o nome de alguém que, além de não ter relevância para a capital, teve importância negativa para o Brasil. É um presente que damos à cidade”, arremata.