PROTESTO

40 mil correm risco de demissão em restaurantes, bares e hotéis de Goiânia

Sindicato faz ato para pressionar prefeitura a elaborar plano de abertura de segmentos comerciais

Manifestantes afixam cruzes em frente ao Paço Municipal

O Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro no Estado de Goiás (Sechseg) diz que a situação do setor é preocupante: desde que a pandemia começou, 6 mil funcionários já foram demitidos. É provável que o número seja ainda maior, porque muitos dos que foram para rua ainda não tinham seis meses de vínculo empregatício para fazer o registro. A projeção da entidade é que o desemprego pode atingir pelo menos 40 mil goianos nos setores de bares, restaurantes e hoteleiro no estado.

A Sechseg é um dos sindicatos que representam segmentos comerciais, trabalhadores e proprietários de estabelecimentos que protestaram nesta quarta-feira (10) no Paço Municipal, em Goiânia, em defesa da reabertura de setores do comércio na capital. Eles cobram plano de retomada com datas definidas por parte da prefeitura.

Com cruzes afixadas no chão, representando negócios fechados em Goiânia, os manifestantes tentaram sensibilizar o prefeito Iris Rezende (MDB) para que haja abertura de hotéis, pousadas, shoppings, lojas, centros comerciais, feiras especiais, bares e restaurantes, que estão impedidos de funcionar desde o início das medidas de isolamento social para o combate à pandemia de covid-19

Segundo o Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro no Estado de Goiás (Sechseg) somente no segmento já foram protocolados 6 mil demissões. O número é considerado subnotificado já que, em muitos casos, os trabalhadores ainda não tinham seis meses de vínculo empregatício para fazer o registro. A projeção da entidade é que o desemprego pode atingir pelo menos 40 mil goianos nos setores de bares, restaurantes e hoteleiro no estado.

Sem auxílio

O garçom Wedson Batista, que participou do ato, diz que há um desamparo na categoria. Sobretudo por falta de auxílio jurídico e assistencial. Ele salienta que em nenhum momento houve diálogo do poder público, estadual e municipal, com a categoria. “Estamos em estado de abandono. Tenho três filhos, dois necessitam de fralda e leite e estou há três meses sem trabalhar. O auxílio emergencial do governo federal não chega, para piorar a situação”, aponta.

Wedson diz ainda que após o fechamento dos estabelecimentos passou a viver somente de doações. “É humilhante. Sempre consegui manter minha família com meu salário e estou sendo obrigado a viver através de doações”, lamenta. Ele salienta que é preciso de um plano para sair da crise.

Garçom Wedson Batista, um dos atingidos pela crise
Garçom Wedson Batista, um dos atingidos pela crise (Foto: Aulus Rincon / Divulgação)

O segurança Rodrigo Antunes também está com a situação complica. Desempregado e sem receber qualquer tipo de auxílio. Ele cobra do poder público um plano por parte da prefeitura. “Não temos datas. Já temos quatro meses que estamos nessa situação sem plano de retomada”, avalia.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ainda na terça-feira (9) que o auxílio emergencial deve se estender por mais dois meses, com valor de R$ 300. O valor atual, R$ 600, já é considerado insuficiente para a categoria. 

Planejamento

A principal cobrança dos trabalhadores mobilizados é que haja uma definição por parte do Paço. O assessor da presidência do Sechseg, Antônio Carlos de Souza, avalia que a definição de datas para retomada é essencial para que o empresário possa fazer planejamento de negócios. Ele diz que sem esse planejamento há insegurança e consequente aumento nas demissões.

Manifestantes em frente ao Paço Municipal
Manifestantes em frente ao Paço Municipal (Foto: Aulus Rincon/ Divulgação)

Segundo ele, a intenção é manter a mobilização até o que o Paço Municipal possa apresentar um plano para os empresários e trabalhadores. Sem isso, ele aponta uma “quebradeira geral”. “Famílias inteiras estão sendo atingidas por isso. O vírus mata, mas o desemprego, a depressão, também fazem muito mal. Sabemos da gravidade da pandemia, mas não podemos ficar desassistidos desta forma”, cobra.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Ciência e Tecnologia (Sedetec) informou, por meio de nota, que está ouvindo as demandas de todas as entidades do setor produtivo e de serviços. As propostas estão sendo analisadas pela pasta e levadas ao Comitê de Crise criado no município para gerir o enfrentamento à pandemia de covid-19.

A nota diz ainda que a Prefeitura de Goiânia respeita o direito de manifestação e informa que a flexibilização do comércio está condicionada à estabilização do cenário epidemiológico em Goiânia, uma vez que o processo será gradativo com o respaldo do grupo técnico da Saúde, priorizando o cuidado com a população.