Economia

A conta do supermercado é o terror do brasileiro

Passam um saco de arroz e um de farinha de trigo. Passam dois detergentes e…

Passam um saco de arroz e um de farinha de trigo. Passam dois detergentes e um sabão em pó. Passam um condicionador e um creme dental. Passa um frango congelado. Passam um abacaxi e alguns tomates. “Mais alguma coisa, senhor?”.

O pavor toma conta do brasileiro nessa hora. Não há medo maior para o sofrido povo desse país do que ouvir essa frase do caixa do supermercado. Encontrar com Jason numa sexta-feira 13 qualquer é fichinha. Pesadelos com Freddy Krueger podem ser tão prazerosos quantos sonhos eróticos. Topar com um lobisomem iluminado pela lua cheia tem um quê de idílico.

O terror de verdade do brasileiro nos dias de hoje é pagar o supermercado.

Qualquer comprinha em que você saia do mercado com irrisórias sacolinhas nas mãos tem a conta em três dígitos. É inacreditável. A inflação come nosso salário, encher a geladeira se transformou em luxo para privilegiados e o horizonte não é promissor.

O PIB até apresenta números surpreendentes, mas isso não se reverte numa melhora real para o povo arroz com feijão, gente igual a eu e você. Os setores que puxam esse índice pra cima não são empregadores robustos. Logo, o desemprego permanecerá alto. Assim, as recomposições salariais ficam mais distantes. Afinal de contas, não há razão pra subir o salário do trabalhador se tem uma fila quilométrica de famélicos sonhando com uma vaga na porta da empresa.

Na informalidade, a coisa é ainda pior. Converse com um motorista ou entregador de aplicativos para ter uma ideia da vida miserável e remuneração de fome dessa rapaziada. Não está fácil.

Enquanto isso, Paulo Guedes, o ministro da arrogância, conversa furada e embromação contumaz, está trabalhando muito para mudar essa triste realidade: fazendo uma live para agentes do mercado financeiro prometendo uma retomada em V. Dá pra botar fé nisso aí? Não mesmo.

O próximo sucesso de bilheteria no Brasil já tem nome: O Massacre do Preço do Supermercado. Mas só vai dar pra ver se sobrar algum dinheirinho pro ingresso de cinema, né?

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Tânia Rêgo | Agência Brasil